Audiovisual

Minidocumentário produzido em território da Reforma Agrária é premiado em festival

Gravado na Comuna da Terra Irmã Alberta, localizada na Grande São Paulo, o filme aborda questões sobre soberania alimentar, agroecologia e enfrentamento à crise climática
Maria Alves, militante do MST e produtora agroecológica na Comuna da Terra Irmã Alberta durante produção do curta. Foto: MST SP

Por Coletivo de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST

Localizado no bairro de Perus, na Grande São Paulo, o acampamento Irmã Alberta surgiu em julho de 2002 através da mobilização de trabalhadores e trabalhadoras na luta pela terra. O acampamento se consolidou com base na auto-organização do território em “Comuna da Terra”. A Comuna abriga cerca de 100 famílias de trabalhadores e trabalhadoras sob a bandeira do MST, que resistem a repetidas tentativas de reintegração de posse enquanto aguardam a vontade política do governo paulista para regularização da área, transformando-a em assentamento.

Produzido neste cenário e retratando a história de Maria Alves, militante do MST e produtora agroecológica na Comuna da Terra Irmã Alberta, o curta foi premiado na edição brasileira do MegaCities ShortDocs, um festival global de documentários em curta-metragem, voltado para causas sustentáveis e de impacto social nas grandes cidades. O evento, que nasceu em Paris e já completa uma década de criação, conta com parceria entre a marca São Paulo São e a ONG Métropole du Grand Paris.

Para prestigiar o festival e o trabalho dos produtores, a TV Cultura irá exibir os curtas premiadas nesta quarta-feira, 11 de dezembro, às 20h30, durante o especial São Conexões Cultura.

Maria Alves orgulhosa na sua área de produção de alimentos na Comuna da Terra Irmã Alberta. Foto: MST SP

Em depoimento para o site do MST, João Humberto, um dos produtores, comenta sobre o trabalho e a importância de visibilizar a luta pela terra e a produção de alimentos saudáveis:

Como surgiu a ideia de produzir um filme em um assentamento do MST?

O documentário surge da ideia de mostrar a importância da produção agroecológica na qual valorize a agricultura familiar livre dos exageros dos agrotóxicos tão comuns hoje em dia, e que também valorize os aspectos sociais e ambientais da produção de alimentos saudável tanto para nós como para o meio ambiente. Sabendo dos princípios do Armazém do Campo, fomos atrás de onde vinham esses alimentos advindos de uma produção que respeitasse esse Movimento e chegamos no assentamento Irmã Alberta, indicado pelo Armazém do Campo do Campos Elíseos, como um de seus fornecedores.

Como foi adentrar um território do MST e dialogar com as famílias Sem Terra?

Acho que conhecer faz com que valorizemos mais ainda aqueles que lutam por uma produção saudável de alimentos, você sente o ambiente de luta, resiliência e infelizmente abandono do Estado. Maria nos contava, no dia que estávamos gravando sua entrevista, como o Irmã Alberta estava sofrendo pressão da prefeitura para sair do local, pois a prefeitura queria transformar aquele lugar, de produção de alimento saudável, em um lixão.

Como você avalia a importância de produzir materiais audiovisuais sobre o tema da produção de alimentos saudáveis? Isso contribui para a disseminação da agroecologia?

A produção audiovisual também pode ser vista como uma manifestação política, a visibilidade que pode trazer para lutas e movimentos que nem este é de extrema importância. Todos deveríamos estar por dentro de um assunto que reflete em nossa saúde e também em nossa sociedade. Por isso, resolvemos abordar um tema como agricultura familiar e o MST, pois são movimentos que visam o nosso crescimento como uma sociedade mais justa e saudável.

O filme foi premiado, como você acha que essa premiação contribui para dar mais visibilidade à luta pela terra e ao trabalho das famílias assentadas?

⁠Acredito que esses prêmios podem trazer cada vez mais visibilidade para o curta e para o assunto. Quanto mais pessoas assistirem mais o assunto vai ser difundido para mais gente. Assim, espero que possamos cada vez mudar nossos hábitos e aderir esse consumo consciente de alimentos. Precisamos saber de onde vem e como é feito aquilo que colocamos em nossa mesa.

Mais informações sobre o curta premiado:

Sinopse:

Maria Alves, assentada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), luta pela Reforma Agrária e pela produção de alimentos agroecológicos. Ela e outros assentados da Comuna da Terra Irmã Alberta produzem alimentos orgânicos que chegam às cidades por meio do Armazém do Campo, uma rede de mercados que comercializa produtos oriundos da agricultura familiar.

Ficha técnica:

Produção: João Humberto e Rafaela Salgado
Assistente de Produção e Montagem: Fernanda Soares
Direção: Gabriel Valle 
Edição e Roteiro: Eduardo Basana 
Direção de Fotografia: Taynah Nascimento
Som: Raphael Parisi

*Editado por Solange Engelmann