Parlamentares

Café com parlamentares reúne mais de 60 deputados/as federais, estaduais e vereadores/as de diversos estados

Encontro reafirmada importância do Movimento Sem Terra e dos assentamentos da Reforma Agrária

Presente em todas as feiras, Suplicy destaca orgulho do papel desempenhado pelo MST. Foto: André Gouveia

Por Kátia Marko/Equipe de Texto da 5ª Feira
Da Página do MST

O Auditório Paulinho Nogueira ficou pequeno para o Café com Parlamentares realizado na manhã desta sexta-feira (9), na V Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque Água Branca, em São Paulo. Prestigiaram o evento mais de 60 parlamentares de diversos estados. Também participaram do ato, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, a secretária Executiva do MDA, Fernanda Machiaveli, e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Edegar Pretto.

Como destacou a dirigente nacional Ayala Ferreira, na condução do ato, este foi o primeiro de tantos cafés com as bancadas progressistas que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pretende realizar.

Segundo ela, o movimento está inaugurando novas práticas nesta edição da feira, que já é a maior realizada até então. “Ontem (8) realizamos um Café com as Forças Populares, com movimentos sociais, sindicais, partidos políticos e organizações comunitárias para debater a conjuntura política brasileira também com este plenário lotado. Estamos chegando à conclusão de que o Parque da Água Branca já não comporta mais as feiras do MST”, destacou.

Gleise Hoffmann reforça a produção do MST, livre de venenos e fruto da reforma agrária. Foto: Priscila Ramos

“O MST é fundamental para um país cada vez melhor”

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, Gleisi Hoffmann (PT), também visitou a V Feira Nacional da Reforma Agrária. Com agenda apertada, fez uma fala antes do início do ato.

Durante saudação, afirmou que a reforma agrária é fundamental para o desenvolvimento social e econômico do país e reiterou seu apoio ao movimento.

“Dizer da importância que tem isso para a gente mostrar pro Brasil o que significa a produção agrícola no nosso país, a produção camponesa e, principalmente, livre de agrotóxicos. Então, isso é uma grande propaganda que a gente faz sobre essa produção e, sobretudo, a luta que é para fazer a reforma agrária no país, o esforço que tem que fazer. E nós não vamos ter desenvolvimento no Brasil econômico e social se a gente não fizer reforma agrária”, declarou Hoffmann.

A ministra cumprimentou o MST pela organização da maior feira de comercialização de produtos orgânicos, provenientes de assentamentos e acampamentos da reforma agrária em todo o país. “Temos tudo para fazer um país cada vez melhor, e para isso o MST é fundamental”, afirmou.

Paulo Teixeira lembrou altos índices de violência no campo e importância da reforma agrária. Foto: Filipe Peres

 “A reforma agrária é central na agenda do governo”

O ministro do MDA, Paulo Teixeira, disse que trazia um abraço do presidente Lula que estaria na feira se não fosse a viagem à Rússia para celebrar o Dia da Vitória. “Mas certamente estará na próxima feira. O tema da reforma agrária é central na agenda do governo federal. O Incra já cadastrou 120 mil famílias acampadas. Essa é uma demanda que se dá pela forte concentração da terra, pela mecanização acelerada e o abandono há 10 anos dessa pauta”, ressaltou.

Teixeira também lembrou a violência no campo e os números de mortes apontadas no Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). “O programa de reforma agrária é fundamental para acabar com as mortes no campo. Esse é um tema que vem de todo processo de desenvolvimento no Brasil e os presidentes que tentaram enfrentar caíram, como João Goulart, que sofreu o golpe militar, Lula que foi preso, e Dilma [Rousseff] que foi derrubada pelo golpe de 2016.”

Segundo o ministro, o governo Lula remontou o MDA e o Incra e o ano de 2025 vai ser o melhor ano em termos de reforma agrária. Lembrou os acordos assinados no primeiro dia da feira, de cooperação para impulsionar iniciativas de cooperativismo, associativismo e agroindústria da Reforma Agrária com o Instituto Federal de São Paulo (IF/SP), Correios, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Fundação Banco do Brasil.

“A gente não se esquece do bom dia, boa tarde e boa noite presidente Lula. Viva o MST que foi central nessa luta. Toda a crítica que for feita ao nosso governo é bem-vinda porque o tempo é pouco e precisamos que os movimentos sociais pressionem. Movimento que não pressiona é pelego”, finalizou.

Parlamentares firmam compromisso de fortalecer as lutas populares e avanço da reforma agrária. Foto: Filipe Peres

“Essa é a maior feira da história e a maior do Brasil”

O dirigente nacional do MST João Paulo Rodrigues saudou a todos e todas pelo movimento. “Alegria de receber vocês, parlamentares. Fizemos convite a governos e parlamentares, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, confirmou presença, deve vir mais tarde. O objetivo do café é fazer um agradecimento a cada parlamentar que nos ajudou a fazer essa feira. Possibilitou conseguir autorização desse parque, emendas para financiar… isso tudo só foi possível porque a bancada de São Paulo fez um esforço muito grande”, destacou.

Também destacou que apesar do governo municipal ser de direita e o do estado de extrema direita, houve um diálogo democrático para a realização da feira.

“Essa feira é parte da estratégia política do MST para dialogar com a sociedade. Na última feira passaram 275 mil pessoas pelo parque. Essa já é a maior feira da história e a maior do Brasil. São 500 toneladas de alimentos dos quatro cantos do país, 1870 itens diferentes, mais de 20 mil mudas de todos os biomas, 150 pratos da culinária da terra com 23 cozinhas. Mais de 2 mil militantes que estão em SP, muitos há mais de uma semana. Essa feira precisa se consolidar como uma estratégia da reforma agrária”, defendeu.

Rodrigues também defendeu o assentamento de 160 mil pessoas que seguem acampadas no país para aumentar a produção de alimentos. Além disso, reforçou os projetos do MST de plantio de 100 milhões de árvores em 10 anos, criação de mais de 10 fábricas de bioinsumos no país para produção de grãos, como milho, trigo, e arroz e feijão orgânico. Além do Programa de mecanização, com a construção de seis fábricas com parceria da China e do governo federal, e das agroindústrias.

Governo reforça compromisso de baixar preço da comida e garantir segurança alimentar. Foto: André Gouveia

MST ajuda a combater a fome

O presidente da Conab, Edegar Pretto, agradeceu ao MST por dar tanto orgulho ao montar uma feira como essa no coração de São Paulo. “Esse movimento está nos ajudando a combater a fome no país mais uma vez. Através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) nós estamos comprando comida saudável e fazendo chegar nas cozinhas solidárias para alimentar o povo.”

Pretto também destacou que nos últimos 10 anos o Brasil perdeu mais de 1 milhão de hectares de lavouras de arroz, por exemplo, por falta de políticas públicas para a agricultura familiar. “Vamos ter uma safra de grãos recorde este ano. Estamos voltando a plantar arroz e feijão.”

Ele afirmou ainda que o governo Lula está retomando as políticas públicas da Conab com o objetivo de aumentar a produção de alimentos, gerar renda a quem produz, baixar o preço da comida e garantir segurança alimentar à população brasileira. “Estamos reconstruindo o Brasil e temos nos nossos assentados da reforma agrária grandes parceiros nessa empreitada.”

Nas diversas manifestações dos parlamentares, foi reafirmada a importância do movimento sem terra e dos assentamentos da reforma agrária, e que a feira nacional representa toda a força do MST.

* Editado por Mariana Castro