Infância Sem Terra

Jornada das Crianças Sem Terrinha reflete sobre crise climática e genocídio na Palestina

Com ações de 6 à 12 de outubro, a atividade nacional envolve as crianças do MST em ações de luta, formação e atividades lúdicas sobre temas centrais para Reforma Agrária Popular

Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha em Vitória (ES), 2023, Foto: Sérgio Cardoso

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Integrando mais um momento místico, lúdico e alegre de fortalecimento da identidade Sem Terrinha e envolvimento da infância Sem Terra nas lutas e ações do MST, de 06 a 12 de outubro, acontece a Jornada das Crianças Sem Terrinha em todo o país. O lema deste ano é “Sem Terrinha em ação: defender a natureza é defender o nosso chão”, que traz para o debate com as crianças a crise ambiental, as guerras, como o genocídio na Palestina e a importância da defesa da nossa soberania nacional.

As temáticas procuram traduzir e refletir junto aos Sem Terrinha diversas questões essenciais em relação à luta pela terra e pela Reforma Agrária Popular, que permeiam a infância Sem Terra e as vivências dos Sem Terrinhas nos territórios do MST.

Sobre a importância da Jornada para o protagonismo da infância Sem Terra na luta pela Reforma Agrária, Janaína Rezende, do setor de educação do MST, enfatiza que a intenção da Jornada este ano é abordar temas relevantes, para impulsionar a formação das crianças e promover a participação política delas nos espaços do Movimento.

“Compreendemos que a Reforma Agrária Popular é resultado de ações coletivas com o conjunto da sociedade, campo e cidade, homens, mulheres, pessoas idosas, jovens, adolescentes e crianças. Então, elas também participam dessa construção. As crianças sempre estiveram presentes na luta do MST. A Jornada é um momento de dar maior visibilidade a essa participação, garantindo um espaço de formação política, pedagógica e do brincar, permeado por arte e cultura”, afirma.

Durante os encontros dos Sem Terrinha outra pauta que acompanha o processo de luta das crianças do MST nos territórios, desde o início das atividades na década de 1990, tem sido a luta pelo acesso à educação do campo e a instalação de escolas do campo nos assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária.

“Nos acampamentos e assentamentos que têm escola, esse é o espaço que mobiliza e articula a Jornada Sem Terrinha, já que as ações demandam preparação e estudo. As pautas da Educação do Campo são constantes nas Jornadas. Já tivemos muitas conquistas a partir da luta Sem Terrinha, como a construção e reformas de escolas em nossos territórios, o não fechamento de escolas do campo”, destaca Janaína.

Atividades

Além de um conjunto de atividades de formação, debates, brincadeiras, experimentos, entre outros, as principais ações de solidariedade e denúncia do genocídio na Palestina, com atividades de plantio de árvores estão previstas para ocorrer na quinta-feira (9), e um conjunto de ações de denúncia sobre a crise ambiental em cada bioma, reafirmando a agroecologia e da Reforma Agrária Popular
como alternativa ao modelo capitalista de produção, na sexta-feira (10).

Ação da Jornada Nacional “Palestina Vive, Resiste e será Livre”. Foto: MST

“Na sociedade capitalista, o principal modelo é o agronegócio, que depende da superexploração do trabalho, expulsa as famílias camponesas da terra e destrói a natureza. Mas, o MST defende a agricultura camponesa agroecológica, que estabelece relações humanas e com a natureza mais respeitosas. Por isso, ações de debate e denúncia são tão importantes. Com relação à solidariedade à Palestina, o internacionalismo é um valor presente na concepção educativa do MST e estimulado desde a infância. Por isso, entendemos a importância da participação das crianças nesse debate. Elas se sensibilizam bastante pela questão”, ressalta Janaína.

Neste ano, a participação e o envolvimento das crianças Sem Terrinha na Jornada, a partir das escolas do campo e territórios do MST acontece por meio de encontros estaduais, regionais ou ações locais em assentamentos e acampamentos do Movimento, com debates, espaço de formação, arte e cultura, brincadeiras e lutas em torno das temáticas da Jornada.

Foto: Comunicação Assentamento Dênis Gonçalves/MG

No âmbito da crise ambiental estão previstos debates, atividades lúdicas sobre a crise ambiental, os impactos dos agronegócios na vida das crianças camponesas e da população em geral, bem como o impacto desse modelo nas secas e enchentes e no aquecimento global, além de visitas a quintais produtivos e locais com experiências em agroecologia. Encerrando com ações de denúncia sobre a crise ambiental, na sexta (10).

Já em relação às ações de solidariedade e denúncia do genocídio na Palestina, estas devem ocorrer na quinta (9), com atividades de plantio de árvores, especialmente, de mudas de Oliveira, avançando no Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, que prevê o plantio de 100 milhões de árvores em dez anos.

*Editado por Fernanda Alcântara