Diversidade
Agroecologia e relações humanas marcam debate no 1º Encontro Estadual LGBTI+ Sem Terra do RN
Práticas agroecológicas, cuidado com sementes crioulas e participação dos sujeitos LGBTI+ fortalecem compromisso social e ambiental no campo

Por Mykesio Max
Da página do MST
No segundo dia do 1º Encontro Estadual LGBTI+ Sem Terra do Rio Grande do Norte, emergem com força os temas da agroecologia, do cuidado coletivo e da produção com autonomia. O coletivo LGBTI+ Sem Terra promove práticas como produção de mudas, partilha de sementes crioulas, oficinas práticas e reflexões sobre a importância de organizar o território para além da mera produção, voltadas à dignidade humana e à saúde do ecossistema.
O Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, lançado pelo MST em 2020, tem a meta de plantar 100 milhões de árvores em dez anos, engajando assentamentos, acampamentos, cooperativas, escolas do campo, centros de formação e viveiros. Até 2022, já haviam sido plantadas 10 milhões de árvores e instalados mais de 300 viveiros em todo o Brasil. Em 2023, o número alcançou 25 milhões de árvores plantadas, com recuperação de 15 mil hectares em diferentes biomas.
“Essa prática de beneficiamento de sementes gera renda e fortalece a vida nos territórios”

Para Matheus Mendes, da coordenação regional Nordeste do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, os encontros estaduais vêm ampliando as práticas agroecológicas e aprofundando a formação.
“Nos últimos três meses tivemos encontros no Rio Grande do Norte, na Paraíba e em Pernambuco. Realizamos oficinas teóricas e práticas sobre restauração florestal, produção e beneficiamento de sementes e a instalação de viveiros de mudas nativas e frutíferas.”
Segundo ele, no Rio Grande do Norte o foco esteve voltado para o semiárido, ressaltando uma característica central da militância LGBTI+ no estado. “Essa prática de beneficiamento de sementes para a produção de mudas é também geração de renda, autonomia e comercialização, fortalecendo a presença das famílias assentadas e acampadas.”
“Assumimos o compromisso de fazer da agroecologia uma tarefa cotidiana”

Janaína, da coordenação do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis da Paraíba e integrante do Coletivo de Juventude, reforçou o compromisso coletivo assumido no Encontro. “Hoje estamos no segundo dia do Encontro Estadual, trazendo o Plano Nacional como tarefa e compromisso. Os sujeitos LGBTI+ assumem, a partir do Encontro e do Movimento, o desafio de trabalhar a agroecologia, produzir mudas e sementes em seus assentamentos e acampamentos.”
Ela destacou que a prática agroecológica é inseparável do projeto político do MST. “Produzir sementes e mudas é também produzir vida, fortalecer territórios e afirmar que a Reforma Agrária Popular se faz com diversidade, com juventude e com agroecologia.”
Agroecologia e diversidade caminhando juntas
Essas falas demonstram como, dentro do MST, as práticas agroecológicas são inseparáveis da luta pela Reforma Agrária Popular, pela soberania alimentar e pela preservação da biodiversidade. Ao mesmo tempo, revelam como os sujeitos LGBTI+ Sem Terra estão no centro desse processo, transformando a diversidade em força para semear o futuro, recuperar ecossistemas e construir novas relações humanas no campo e na cidade.

*Editado por Fernanda Alcântara