Cúpula dos Povos

“Caminhos da Agroecologia” é resposta direta ao colapso do agronegócio

Foto: Priscila Ramos

Por Nadson Ayres
Da Página do MST

Durante a Cúpula dos Povos, em Belém do Pará, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apresentou o espaço “Caminhos da Agroecologia”, uma iniciativa que busca sintetizar os mais de 40 anos de luta e construção do Movimento. Um espaço que não é apenas uma exposição, mas um percurso cronológico e temático que traduz a Reforma Agrária Popular em experiências concretas, rostos camponeses, sementes e o plantio de um futuro sustentável.

Camilo Santana, da Coordenação do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, detalhou a essência da exposição, afirmando que “O [espaço] Caminhos da Agroecologia é uma construção que o MST vem fazendo desde as feiras nacionais e que busca apresentar, como o nome já diz, os caminhos para construção da agroecologia. “Aqui, na Cúpula dos Povos, em Belém do Pará, nós trouxemos os caminhos da luta e da construção da agroecologia que o MST vem trilhando durante os 41 anos”, destaca.

O percurso começa simbolicamente no barraco de lona, que representa, segundo Camilo, o primeiro e fundamental passo na construção da agroecologia pelo MST, que é “a luta pela terra, o enfrentamento direto ao latifúndio, a conquista da terra”. Dentro do barraco, há uma exposição de fotos que narra as marchas, as lutas e a vida nos acampamentos. O caminho avança para o espaço das denúncias ao agronegócio, onde o Movimento apresenta dados sobre os crimes desse modelo, focando no uso de agrotóxicos e evidenciando que ele produz “somente morte, doença, destruição ambiental e concentração de riqueza”.

Em seguida, o espaço destaca as experiências das escolas de agroecologia do MST, consideradas cruciais, pois é o local onde se consegue “acumular conhecimento, sistematizar conhecimento e aprender, do ponto de vista técnico e científico, como se faz o manejo agroecológico da produção de alimentos saudáveis”.

Um dos corações do espaço é o dedicado às sementes, onde se exibe a diversidade produzida pelo MST, com mais de 30 variedades vindas somente do Pará para “exposição, troca e doação”. O caminho também inclui uma área dedicada aos bioinsumos e máquinas, onde são apresentados microtratores adaptados para a pequena agricultura. Camilo Santana explicou a relevância desses elementos: “O objetivo geral do espaço é o debate sobre os bioinsumos, que são tecnologias que a gente desenvolve coletivamente, que visam quebrar o domínio do pacote tecnológico do agronegócio, né, provar que é possível produzir alimentos saudáveis sem utilizar veneno, sem utilizar adubo químico à base de petróleo”.

Um espaço é reservado à apresentação do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. Este plano, que já conta com 40 milhões de árvores plantadas, vai além de números, visando “criar uma cultura política de cuidado ambiental com a nossa base, com a sociedade, a partir da ideia de plantar árvores e produzir alimentos saudáveis”, destaca o militante.

Foto: Priscila Ramos

Por fim, o percurso culmina na representação do viveiro da Reforma Agrária Popular. Camilo Santana explicou que o viveiro, que faz parte de uma rede nacional de mais de 300 viveiros, é a garantia do domínio material para o reflorestamento. Ele detalhou que o viveiro trouxe 1.000 mudas para a exposição, que seriam distribuídas ao público. “Nós, desde quando começamos a montar esse espaço, recebemos vários pedidos de doação de mudas, o que demonstra que quem está passando aqui na Cúpula dos Povos está com muita vontade de plantar árvores”, afirma.

Segundo o militante, o ato de plantar mudas representa o final do caminho, onde se produz “sombra boa e esperança, porque quem planta árvore não planta pensando somente no presente, mas planta pensando no futuro”. O espaço, concluiu Camilo, é importante porque “é a síntese do que o MST construiu e busca construir ao longo dos seus 41 anos, e que começa na luta pela terra e termina num plantio de árvores que almejam construir um futuro melhor para todos e todas nesse país”.

*Editado por Fernanda Alcântara