Justiça

MST se prepara para Júri Popular do assassino do seu Luis Ferreira, em Valinhos

Seis anos depois do assassinato do acampado da Reforma Agrária de Valinhos, região metropolitana de Campinas, o Júri Popular foi agendado para julgar o caso

Da Página do MST

Aos 72 anos, Seu Luís Ferreira da Costa se somava às fileiras de trabalhadores e trabalhadoras sem terra em um acampamento para realizar o sonho de retornar à terra. Pai de oito filhos, Seu Luís era reconhecido por sua generosidade e dedicação à luta por um pedaço de terra para viver com dignidade.

Morador do Acampamento Marielle Vive, em Valinhos (SP), trabalhava como pedreiro, morava no acampamento desde a fundação da comunidade e era aluno, prestes a se formar, da escola de alfabetização de jovens e adultos do acampamento – escola que hoje leva seu nome, em sua homenagem.

Foi covardemente assassinado durante uma manifestação pacífica por Reforma Agrária, em julho de 2019, há seis anos. Vítima de um atropelamento criminoso, na Estrada dos Jequitibás, sua memória se transforma em força para seguir lutando.

Relembre o caso

No dia 18 de julho de 2019, as famílias do MST estavam na Estrada do Jequitibá, em Valinhos, realizando um ato de denúncia aos poderes públicos locais por conta da falta da garantia do direito fundamental à água. Essas pessoas representavam o Acampamento Marielle Vive, na época formado por cerca de mil famílias vindas de Campinas e região.

A ação não se tratava de um bloqueio de estrada, como geralmente reportam os meios de comunicação na época. Os acampados e acampadas solicitavam aos carros, caminhões, ônibus e motos para diminuírem a velocidade para entregar um panfleto informando da demanda por água e distribuir alguns alimentos já produzidos na área que estava improdutiva antes da chegada dos Sem Terra.

Logo no início da manifestação, uma caminhonete acelerou detrás de um ônibus que estava parado, entrou na contramão, passou por cima das pessoas (acampadas e apoiadores) que estavam participando da jornada pela água e fugiu sem prestar nenhum socorro. O fato foi registrado pelas câmeras no local. Várias pessoas ficaram feridas e Seu Luís Ferreira Costa, de 72 anos, foi arrastado por dez metros, morrendo na hora.

Júri Popular

A Justiça convocou Júri Popular para amanhã, dia 26 de novembro, onde Leo Luiz Ribeiro, réu confesso do assassinato deverá ser julgado pelo crime cometido.

Para acompanhar o julgamento e promover diálogo com a sociedade sobre os conflitos agrários e a lentidão na Reforma Agrária Popular, o Movimento Sem Terra está convocando a militância sem terra e aliados da Reforma Agrária para uma vigília em frente do Fórum de Valinhos, nesta quarta-feira.

Chamamos todos e todas que se indignaram diante desse brutal assassinato para manifestar apoio durante o Tribunal do Juri para condenar Léo Ribeiro, réu confesso do trabalhador sem terra, Luis Ferreira, e que aguarda em liberdade.

O MST exige justiça, pois entende que o crime teve motivação política, como disse o irmão do assassino “tinha que passar era com um caminhão por cima”. Por isso, todo apoio e solidariedade a essa luta, por justiça, por terra, por dignidade.

“Por nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!”

Serviço:
Tribunal do juri do julgamento do assassino do seu Luis Ferreira
Quando: 26 de novembro (quarta-feira)
Horário: às 8h30
Local: 2ª VARA do Fórum de Valinhos.  Rua Professor Ataliba Nogueira, 36, Santo Antônio, Valinhos, SP.