Marcha em apoio ao Plano de Reforma Agrária sai de Goiás rumo a Brasília

Quase dois mil trabalhadores rurais de cinco estados brasileiros saíram em 10 de novembro, às 11 horas, de Goiânia rumo a Brasília em marcha. A mobilização foi organizada pelo Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo, que reúne 42 entidades, em apoio ao II Plano Nacional de Reforma Agrária. A previsão é que a caminhada dure 10 dias. Chegando a Brasília, os trabalhadores serão recebidos pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente nacional do PT, José Genoíno, esteve em Goiânia para o início da marcha. Segundo ele, a bancada do partido no Congresso também receberá os camponeses e ajudará nas negociações com o governo. “Nas pesquisas que temos realizado junto à opinião pública, a Reforma Agrária aparece sempre em primeiro lugar. Achamos que o governo deve apresentar metas e negociá-las com os movimentos”, observa Genoíno.

Para o presidente nacional da CPT, dom Tomás Balduino, o Plano será um marco histórico porque é a primeira vez que se estará caminhando realmente para a realização de uma Reforma Agrária no Brasil. Na visão de dom Tomás, o único obstáculo será o orçamento da União. “Se não entrarem os bilhões de reais necessários, corre-se o risco dela não ser realizada”, alerta.

A marcha é formada por trabalhadores dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, pertencentes ao MST, Contag, MTL – Movimento Terra, Trabalho e Liberdade – e CPT. Durante o seu percurso, ela ainda receberá camponeses de outros estados, como de Alagoas. De acordo com Valdir Misneroviscz, membro da coordenação nacional do MST, o objetivo dos trabalhadores é que o governo assuma o Plano e o implemente o mais rápido possível.

A proposta do II Plano Nacional de Reforma Agrário foi elaborada por uma equipe de técnicos coordenada por Plínio de Arruda Sampaio, especialista na questão fundiária brasileira e ex-deputado federal do PT. O documento foi apresentado no mês passado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. A meta do Plano é assentar um milhão de famílias em quatro anos e agora espera pela aprovação do governo.