Reforma Agrária Popular

Após cinco dias de ocupação, movimentos deixam o INCRA em Alagoas e sinalizam agenda de lutas

Organizações apontam jornada de mobilização em todo o estado contra a nomeação do superintende do órgão, Junior Rodrigues
Foto: Mykesio Max

Da Página do MST

Na noite desta sexta-feira (3), os trabalhadores e trabalhadoras que estavam desde a última segunda (29) acampados no Centro de Maceió, deixam o prédio da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Alagoas. A ação que pautou a insatisfação dos movimentos do campo com a nomeação do novo superintendente do órgão, Junior Rodrigues do Nascimento, mobilizou centenas de camponeses e camponesas organizados nos movimentos de luta pela terra do estado, que reafirmam uma ampla agenda de mobilização pela mudança na gestão do Instituto.

A desocupação ocorreu após reunião com o Governo Federal, que ouviu as pautas e demandas das organizações camponesas e teve a sinalização de diálogo permanente com o INCRA nacional para as demandas no estado.

De acordo com as organizações durante a reunião, mesmo com a sinalização do governo em manter a nomeação de mais um superintendente indicado por Arthur Lira (PP) no comando do órgão em Alagoas, os movimentos devem seguir pautando durante agenda de lutas que se avance a política de Reforma Agrária no estado, com criação de novos assentamentos e garantias para o desenvolvimento dos assentamentos já consolidados.

Foto: Mykesio Max

Mesmo sob protesto das organizações populares e instituições de ensino ligadas à Educação do Campo, Junior Rodrigues substitiu o antigo superintendente César Lira, que teve sua gestão marcada pela insatisfação dos movimentos do campo, além de denúncias de agricultores em relação às suas práticas enquanto representante do INCRA. César esteve na superintendência desde o governo Temer, passando por Bolsonaro e pelo primeiro período do governo Lula, até sua exoneração em abril de 2024.

Para os movimentos populares, a nomeação de Junior Rodrigues, através da indicação do presidente da Câmara Federal, não representa os interesses dos camponeses e camponesas, e não encara de frente os reais problemas da questão agrária no estado.

Mobilização permanente

Após ocupação no INCRA, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento Social de Luta (MSL), o Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Terra Livre (TL), Frente Nacional de Luta (FNL) e a o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apontaram agenda de mobilização permanente, marcando a unidade na ação das organizações do campo em Alagoas.

As iniciativas apontadas vão de ações de rua, iniciativas de diálogo com a sociedade, jornada de solidariedade, além do Festival da Reforma Agrária Zumbi e Dandara dos Palmares, que ocorre em Maceió entre os dias 2 e 4 de maio, com Feira da Reforma Agrária, atividades de formação e momentos culturais.

As ações pretendem manter a mobilização unificada das organizações, além de ampliar o diálogo com a sociedade alagoana sobre o papel e a importância da luta pela Reforma Agrária para o desenvolvimento do estado de Alagoas.

Foto: Delanisson Araujo

Iniciativa ganha força

Impulsionada pelas instituições de ensino vinculadas à política de Educação do Campo, o abaixo assinado que apoia a indicação de José Ubiratan, conhecido como Bira, funcionário de carreira do INCRA para a superintendência do órgão, segue ganhando força.

Com a assinatura de quase 500 nomes, o abaixo assinado segue fortalecendo diálogo de instituições, movimentos populares, sindicais, estudantis e comunitários, na defesa de uma superintendência que esteja alinhada aos interesses dos camponeses para o amplo desenvolvimento das ações do INCRA junto às comunidades rurais em todo o estado.

“Temos acompanhado de perto o excepcional trabalho desenvolvido por José Ubiratan à frente do INCRA-AL, onde sua dedicação, competência e comprometimento têm sido fundamentais para promover o desenvolvimento do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), entre outras iniciativas e políticas públicas comprometidas com a promoção da justiça social e a sustentabilidade ambiental em Alagoas”, destaca trecho da nota que apresenta o abaixo assinado.

Foto: Delanisson Araujo