Plantio de soja transgênica provoca assassinatos de camponeses no Paraguai

da Agência Adital

No ano passado, o Paraguai decidiu liberar o plantio de soja transgênica somente para regularizar uma situação que já ocorria há mais de cinco anos. A decisão acirrou os conflitos entre camponeses, grandes produtores e governo que, nos últimos meses, resultaram na morte de duas pessoas, que protestavam contra a pulverização com agrotóxicos.

No país, o cultivo de soja transgênica é responsável pela principal via de exportação paraguaia. Contudo, seu principal produto também é a causa de um conflito social intenso, que gera várias manifestações. Numa delas, uma patrulha da polícia disparou contra um caminhão que transportava um grupo de camponeses, que se dirigiam até o assentamento Juliana Fleitas, para protestar contra a pulverização de agrotóxico em 70 hectares de soja. Duas pessoas morreram.

Os camponeses querem, agora, que terminem as pulverizações com agrotóxicos, pois acabam com tudo o que se produz na terra, exceto a soja transgênica. Segundo afirma a Federação Nacional Camponesa, os pequenos agricultores já não estão dispostos a permitir que haja cultivos de soja na próxima safra agrícola.

A “guerra da soja” é um conflito agrícola que surgiu com a rápida expansão que teve o cultivo de soja transgênica no país. Dados da revista Biodiversidade na América Latina indicam que os cultivos do produto ocupam cerca de 2 milhões de hectares de terra e se estima que, nas próximas colheitas, se alcançarão 4 milhões de toneladas de grãos.

A maioria dos produtores é formada por grandes latifundiários, muitos deles colonos brasileiros, conhecidos popularmente como “brasiguaios”, que chegaram aos campos atraídos pelos baixos impostos que pagam pela produção.

Porém, as pulverizações massivas são as verdadeiras causas desse conflito social. Os agrotóxicos não permitem que cresça na área outro tipo de alimento que não seja a soja. Outras informações dão conta de que as pulverizações estão sendo usadas como armas de guerra para expulsar os camponeses das terras.