Marcha Nacional do MAB denuncia descaso contra atingidos por barragens

Começa nesta quinta-feira (13), a Marcha Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) que reunirá representantes de 15 estados que integram as áreas afetadas. O objetivo do movimento é denunciar a grave situação das famílias que são deslocadas das regiões alagadas para áreas de condições precárias.

A marcha começa às 10hs, com a realização de ato público na Praça da Prefeitura, no Centro de Goiânia, com a presença de representantes da Igreja, de entidades da sociedade civil. Em seguida, os marchantes vão se deslocar rumo à rodovia BR 060, em direção à Brasília, percorrendo os municípios de Teresópolis, Anápolis, Branápolis, Abadiânia, Alexânia. A chegada ao Distrito Federal está marcada para o dia 24 de maio. Lá será realizado um ato público para chamar a atenção do governo federal para a pauta de reivindicações do MAB. A mobilização permanecerá até o dia 29 de maio.

A marcha do MAB dá continuidade à jornada de lutas do movimento, que tem como objetivo debater com o governo e a sociedade a política energética inconseqüente e a privatização da água, tema também discutido pela Campanha da Fraternidade 2004, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A Marcha contará, permanentemente, com a participação de 500 pessoas vindas dos estados do Pará, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Goiás, Ceará, Paraíba, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Durante o percurso, serão realizadas ações cívicas promovidas pelos participantes junto às comunidades. No município de Sete Curvas, será montado um acampamento de três dias, com a presença de parlamentares, de representantes da igreja e da sociedade civil.

A denúncia

No Brasil, desde o início da década de 60, um milhão de pessoas foram expulsas de suas terras devido à construção de barragens. Isso corresponde a 300 mil famílias. De acordo com dados do MAB, de cada 100 famílias deslocadas, 70 não receberam nenhum tipo de indenização. Além disso, 34 mil quilômetros quadrados de terra fértil foram inundados pelos reservatórios (3,4 milhões de hectares). Existem no Brasil, segundo dados do Ministério das Minas e Energia, 2 mil barragens, sendo 625 em operação.

O plano do governo para o setor prevê a construção de 494 novas barragens até 2015, com 70 já em construção. Em relação ao número de famílias atingidas pelas obras, não existe nenhum estudo oficial do governo. O MAB estima que só durante o governo Lula mais 100 mil famílias serão expulsas de suas terras.