Parceria abre portas da universidade pública aos trabalhadores

Fortalecer um projeto popular para o Brasil, elevar o grau de consciência dos movimentos sociais, produzir integração entre as organizações e abrir as portas da universidade pública aos trabalhadores. Estes são alguns dos objetivos do curso de Realidade Brasileira de Pernambuco, que inicia sua segunda etapa em 16 junho deste ano. O curso é uma parceria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com os movimentos sociais e é coordenado por Alexandre Conceição (MST), Plácido Júnior (CPT) e pelo professor do Departamento de Comunicação Social da UFPE, Luis Momesso. Cerca de 100 militantes indicados por suas respectivas organizações ou movimentos estão participando.

A iniciativa dos cursos de Realidade Brasileira começou na Marcha pelo Brasil, realizada pelo MST em 1997. Durante a passagem da marcha por Juiz de Fora (MG), os militantes do movimento receberam um convite da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para realizar conjuntamente uma atividade de formação. A partir daí, a idéia foi se desenvolvendo e se tornou um curso que envolveu diversos movimentos e organizações da cidade e do campo, a fim de estudar a realidade brasileira sob as perspectiva de alguns dos mais importantes pensadores, em sua maioria, brasileiros. Desde então, já foram realizados cursos nacionais e regionais, sendo este o primeiro do estado de Pernambuco.

A primeira das 12 etapas do curso foi iniciada em 4 de junho e discutiu o pensamento de Karl Marx e o Manifesto do Partido Comunista. Para lecionar a aula foi convidada a professora de Serviço Social da UFPE, Fátima Lucena, que demonstrou seu contentamento com a participação, “esse curso abre os horizontes da universidade para a transformação social”.

Ao final de cada etapa os participantes devem apresentar um artigo sobre o assunto estudado e, ao final do curso, um trabalho de conclusão. Serão estudados os autores Caio Prado Jr. e Celso Furtado. Entre os pensadores que serão discutidos ao longo do curso, estão Florestan Fernandes, Paulo Freire, Manuel Correia de Andrade, Sérgio Buarque de Hollanda, Darcy Ribeiro, Josué de Castro e Milton Santos.

Os representantes dos movimentos sociais ressaltam que o curso representa um grande avanço. “A universidade se oxigena com a presença dos movimentos sociais”, argumenta Alexandre Conceição do MST. Plácido Junior, da CPT, fala do elitismo da instituição, “depois de romper as cercas do latifúndio, é hora de romper o latifúndio do saber, do conhecimento e da formação”.