Fazenda onde sete Sem Terra foram baleados e um assassinado vai ser destinada à Reforma Agrária

A fazenda Santa Filomena, onde um trabalhador foi assassinado no último sábado, dia 31/07, por pistoleiros do latifúndio, vai ser destinada para o assentamento de famílias Sem Terra. O latifúndio, que tem 1.752 hectares, está localizada no município de Guairacá (Paraná).

O massacre aconteceu durante a madrugada, quando 400 famílias estavam na beira da estrada que dá acesso à Santa Filomena e foram surpreendidos pelos tiros dos jagunços que estavam no interior da fazenda. O militante do MST Elias Gonçalves Moura, de 20 anos, foi assassinado com um tiro no pescoço. Outros sete trabalhadores ficaram feridos.

Após o assassinato do trabalhador e da violência cometida contra as famílias, os jagunços abandonaram o local, os Sem Terra entram na fazenda e montaram acampamento.

As 400 famílias estavam acampadas há 18 meses, na beira de estradas, aguardando para serem assentadas dentro do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) do governo federal.

A fazenda Santa Filomena já foi ocupada e despejada no governo Jaime Lerner. A área é um grande latifúndio improdutivo que foi vistoriado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em 1997.

Um decreto do Presidente da República nº 2404/97 de 17 de Agosto de 1998, declarou o imóvel improdutivo e destinou a área para fins de Reforma Agrária.

Após sete anos em tramitação judicial, o Incra vai fazer o assentamento das famílias que estão acampadas na área. Em assembléia, as famílias decidiram dar o nome do futuro projeto de assentamento de Elias Gonçalves Moura, em homenagem à luta do militante assassinado brutalmente pelas milícias armadas do latifúndio.

O MST reivindica um delegado especial para assegurar uma apuração independente do massacre de Santa Filomena, a atuação do Ministério da Justiça e da Polícia Federal no contrabando de armas e formação de milícias armadas que agem na ilegalidade na região e o urgente cumprimento pelo governo federal das metas do Plano Nacional da Reforma Agrária.

O Movimento aponta que desde o governo de Jaime Lerner havia um conluio entre fazendeiros, milícias armadas, empresas de segurança, parcela do Poder Judiciário e políticos para eliminar militantes do MST na região.