Setor de Produção do MST avança na formação de trabalhadores rurais em Alagoas

Tiveram início, em 16 e 17 de agosto, no assentamento Dom Hélder Câmara, os seminários do Setor de Produção nas áreas de assentamento de Alagoas. Há cinco anos, o ciclo de formação contribui para a capacitação dos trabalhadores rurais e impulsiona projetos como o Banco de Sementes e as 15 novas agroindústrias do estado.

Os assessores externos, a equipe técnica do Setor de Produção e membros da coordenação do MST realizam os cursos nos quais participam acampados e assentados, sendo um representante de cada núcleo de 10 famílias. Os temas abordados são: agricultura familiar, meio ambiente, organização do MST, agroecologia, transgênicos e as dificuldades e avanços dos diversos cultivos de cada região.

A próxima rodada de formação será entre os dias 2 e 3 de setembro, no assentamento Nova Esperança, região do Sertão. Na seqüência, nos dias 16 e 17 de setembro, o acampamento Primavera, no Litoral Sul de Maceió, também será contemplado com novo curso de formação política e técnicas agrícolas. Já no Litoral Norte, a atividade acontece entre 28 e 29 de setembro, no assentamento Milton Santos, município de Atalaia. A etapa final acontece no assentamento Paulo Freire, no cidade de Joaquim Gomes, nos dias 27 e 28 de outubro.

Os cursos atingem toda a área de atuação do MST que organiza, no estado, 42 assentamentos com 3.843 famílias e 52 acampamentos, onde vivem 5.785 famílias. As principais produções das comunidades são mandioca, hortaliças e grãos em geral.

Durante os seminários, entre 14 e 18 de setembro, acontece a Feira da Reforma Agrária, na Praça da Faculdade, em Maceió. A atividade, que já se tornou tradicional no município, recebe milhares de pessoas. Os resultados da democratização da terra e dos meios de produção serão mostrados por cerca de 150 pequenos produtores.

As conquistas da produção

Segundo Genivaldo Moura, do Setor de Produção, os seminários elevam as perspectivas dos pequenos agricultores e são fundamentais para a organização e o desenvolvimento coletivo do Movimento. “Com estas atividades potencializamos a formação política e técnica dos trabalhadores rurais e avançamos na organicidade do MST. O início das obras de quinze novas agroindústrias e do processador de grãos são alguns exemplos práticos desses avanços nos assentamentos”, explica.

Moura ressalta ainda que o Banco de Sementes é um dos principais temas abordados nos cursos pelo Setor produção. “O armazenamento de grãos para o próximo plantio sempre foi uma tradição das famílias. Agora, além das reservas por assentamentos, elas também estão estruturadas por regiões. Nossa luta é aumentar os Bancos em nível regional e estadual, garantindo assim a biodiversidade das espécies”. Ele explica ainda que esta preservação se reflete na preocupação com o meio ambiente e nas sementes como patrimônio da humanidade.

Um exemplo desta prática é o Banco do assentamento Dandara, município de Arapiraca, que fornece para assentados e acampados do MST sementes e mudas de nin, uma planta de alto custo que age como defensivo natural contra as pragas de lavouras. No próximo ano, os assentados comercializarão a espécie que pode ser usada em qualquer tipo de plantação, principalmente no semi-árido, como pesticida natural inofensivo ao meio ambiente e ao seres humanos.