Algodão transgênico entrou ilegalmente no país há cinco anos
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Algodão transgênico entrou ilegalmente no país há cinco anos
03/12/2004
Assim como a soja, a semente transgênica de algodão chegou ao Brasil contrabandeada. E está presente no país há mais tempo que o governo imagina. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Sementes (Abrasem), há cinco anos, por meio de pirataria, chegaram as primeiras sementes geneticamente modificadas de algodão ao país. Dados da instituição mostram que 30% do produto cultivado foram comprados sem certificação, podendo ser ou não transgênico.
Os números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicam que, até o momento, mais de 30% das amostras analisadas apresentam traços de transgenia e os indícios são de que, na próxima safra, cultivada a partir de dezembro, os valores possam ser ainda maiores. Isso porque um algodão transgênico pode contaminar a planta convencional.
Estudos internacionais mostram que o cruzamento pode ocorrer em até 20 metros, mas há indícios de interferências maiores pela ação do vento e de insetos. Além do perigo de o algodão transgênico estar contaminando o convencional – sem a liberação comercial – existe a preocupação de que sejam atingidas espécies nativas.
Até o momento, o ministério detectou a presença de transgenia em oito estados do Centro-Norte do País. Todas as amostras foram feitas em armazéns ou beneficiadoras. Na semana passada, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a comercialização de sementes que contenham até 1% de transgenia.
Para o deputado Edson Duarte a decisão tomada é absolutamente irregular: “Queremos uma posição oficial da Comissão diante de fatos que demonstram o prosseguimento de uma postura ideológica adotada em defesa do mercado. Infelizmente a CTNBio continua esquecendo que é um órgão público, sustentado pelo Estado, e que sua obrigação servir à sociedade e não ao mercado”.
Na próxima quinta-feira, dia 9, a CTNBio é uma das convocadas pelo deputado para explicar em audiência pública o que tem feito para garantir a biossegurança nacional diante do plantio ilegal de algodão transgênico.
