Caros amigos e amigas do MST,

Gostaríamos de socializar com vocês mais uma conquista da solidariedade entre os brasileiros e os povos do mundo: a inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes, no dia 23 de janeiro de 2005. Construída em Guararema (a 60Km de São Paulo) por 1.115 trabalhadores rurais Sem Terra, a Escola é fruto valioso de nossa luta. Foram quatro anos e meio de trabalho de voluntários de assentamentos e acampamentos de todo país. Uma obra realizada por muitas mãos calejadas pelo cabo da enxada.

Depois de longos anos de discussões coletivas nas diversas instâncias do MST, a Escola surge com o propósito de fazer pensar, planejar, organizar e desenvolver a formação política, técnica e ideológica dos militantes e dirigentes do Movimento. Por nascer com o objetivo de capacitar jovens, mulheres e homens do meio rural para a produção, comércio e gestão dos acampamentos e assentamentos, a ENFF terá uma pedagogia e metodologia adaptada à realidade dos trabalhadores do campo.

Sobre um terreno de 30 mil metros quadrados, foram construídas instalações de tijolos de solo-cimento fabricados na própria escola. Essa técnica é agroecológica, dispensa reboco, contribui para diminuir a quantidade de ferro, aço e cimento na obra e é mais resistente e fácil de assentar. Ao todo são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório e dois anfiteatros. Os recursos para a construção da escola foram arrecadados através da venda do livro “Terra”, com textos de José Saramago, músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado, contribuições de Organizações Não Governamentais (ONGs) européias e doações de amigos e amigas brasileiros e internacionais.

Ao mestre com carinho

A homenagem ao mestre e sociólogo Florestan Fernandes é resultado da admiração e reconhecimento do MST por sua trajetória de vida incansável e coerente com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Crítico severo do capitalismo, ele defendeu a liberdade, a democracia e uma sociedade mais justa e fraterna. Após dez anos de sua morte, seu legado e suas idéias orientam nossas ações.

Florestan acreditava que o maior número de pessoas deveria ter acesso ao conhecimento, o que caminha paralelamente à nossa preocupação de que a luta pela terra deve continuar até o dia em que cada família de trabalhadores conquiste sua emancipação. Nesse sentido, para o MST, a luta pela Reforma Agrária e pelo sonho da justiça social vai além da conquista da terra. A luta dos Sem Terra é por um projeto popular para o Brasil, baseado na dignidade, soberania e solidariedade entre todos e todas.

Gostaríamos de agradecer a todos e a todas que participaram e participam desse processo contínuo de construção de um sonho. Convidamos vocês a conhecer nossa Escola, ministrar cursos e compartilhar essa conquista.

Um forte abraço a todos e a todas!

Secretaria Nacional do MST