Protesto em La Paz exige a renúncia presidencial

Fonte Diário Vermelho

Milhares de manifestantes ocuparam ontem (16) o centro de La Paz, na Bolívia, e tentaram entrar na praça Murillo, onde ficam as sedes do Congresso e do Executivo, cercados por cerca de mil policiais. Segundo os manifestantes, 2 pessoas foram feridas pela repressão policial.

A massa de manifestantes veio da cidade de El Alto, vizinha a La Paz, convocada pela Federação de Associações de Moradores (Fejuve), que exige o fechamento do Congresso e a renúncia do presidente Carlos Mesa. A Fejuve reivindica ainda a nacionalização dos jazidas de petróleo e gás natural bolivianas.

Os protestos têm a participação de homens, mulheres e crianças. Muitas pessoas estavam vestidas com as tradicionais roupas bolivianas. Carregavam também a bandeira da Bolívia e a bandeira dos povos indígenas, a wiphala.

A iniciativa reúne o Movimento ao Socialismo (MAS), liderado pelo deputado Evo Morales, a Central Operária Boliviana (COB) e entidades formadas por trabalhadores rurais e comunidades indígenas.

A multidão se aproximou dos policiais que impediam a entrada na praça Murillo e foi reprimida com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água. Após quase uma hora, os manifestantes se espalharam pelas ruas e outras praças do centro de La Paz.

As autoridades afirmaram que uma pessoa foi presa, acusada de manipular explosivos, e asseguraram que os manifestantes não sofreram ferimentos, exceto pelos efeitos do gás lacrimogêneo.

Além dos protestos em La Paz, quinhentos de camponeses iniciaram hoje uma marcha saindo do povoado de Caracollo, 200 quilômetros ao sul, e os cooperativistas mineiros bloquearam as estradas da região oeste da Bolívia. Os dois grupos pressionam pela nacionalização dos hidrocarbonetos.

De acordo com Gotkine, os manifestantes acreditam que a indústria de energia boliviana está sendo vendida para empresas internacionais a um preço muito baixo.

Um dos manifestantes carrega um cartaz com a imagem de Mesa e uma inscrição que diz que ele é um servo do imperialismo, numa referência aos Estados Unidos.

As empresas multinacionais vendem, há anos, as riquezas naturais do país em seu próprio benefício, mas com poucos resultados para a população boliviana.

Os manifestantes querem que empresas estrangeiras paguem à Bolívia 50% em royalties pela exploração de gás e petróleo no país. De acordo com Evo Morales, a mudança na Lei de Hidrocarbonetos é “inegociável” e precisa ser aceita pelo governo e pelo Congresso para que a Bolívia “recupere a propriedade desses recursos naturais”, descritos pelo líder da oposição como “patrimônio nacional”.