Incra começa vistoria em usina de Pernambuco

Por Márcia Wonghon
Fonte Agência Brasil

Em 28 de março do ano passado, 900 famílias Sem Terra criaram o acampamento Chico Mendes, na usina Tiúma, município de São Lourenço da Mata, a 40 quilômetros do Recife.

Ontem o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deu início à vistoria da área, que inclui análise de solo, relevo e clima. O objetivo do processo, que deve durar 30 dias, é definir se a terra é passível de desapropriação.

O acampamento, que inicialmente era em barracas de lona, transformou-se em uma comunidade dotada de centro administrativo, posto de saúde, templo religioso e escola de alfabetização de jovens e adultos. Hoje, a área é modelo e passou a ser visitada freqüentemente por professores e estudantes universitários dos cursos de medicina e de direito da capital pernambucana.

Na propriedade, de 478 hectares, pertencente ao grupo Votorantin, do empresário José Ermírio de Moraes, os agricultores produzem 2,5 mil quilos de alimentos por semana, entre hortaliças, frutas e cereais. Eles também têm criação de gado, aves, coelhos, suínos e de peixes. A produção excedente, cerca de 500 quilos de alimentos, é comercializada em feiras livres e mini mercados da região.

Alguns grupos de acampados participam de cursos sobre economia rural e agronegócio. Agentes comunitários de saúde também prestam assistência às famílias que cultivam uma horta de ervas medicinais. As 80 crianças filhas dos acampados freqüentam regularmente escolas da rede municipal.

Para acampados como Rosinte da Silva a falta de conforto na área não é problema. Eles consideram que ter a posse da terra regularizada para cultivar é a maior vitória que a comunidade Chico Mendes pode alcançar.