Depois de 25 anos, famílias atingidas por barragens sofrem nova ameaça de despejo

Fonte Agência Notícias do Planalto

Famílias de agricultores que perderam as terras para a construção de barragens no Paraná, estão ameaçadas mais uma vez de serem desalojadas. É que o governo quer colocar em vigor uma resolução de 2003 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Ela obriga a existência de uma faixa ciliar de segurança de 100 metros em torno do reservatório de água, ou seja, área que não pode ser explorada.

O principal foco dos debates é a situação das famílias atingidas pelas barragens de Salto Santiago e Salto Osório, na região central do estado. Há mais de 25 anos, elas foram expulsas de suas casas para a construção dessas hidrelétricas.

“Isso significa que vai atingir mais uma quantidade imensa de famílias. São oito municípios só de uma barragem, sabendo que a lei vale para duas obras, as maiores da bacia do Rio Iguaçu. Na verdade, no nosso entendimento, quem deve pagar essas indenizações pela faixa ciliar é a empresa concessionária da obra, que é a Tractebel, uma empresa belga-francesa que ganhou a concessão de todo o parque de geração da Eletrosul na época da privatização”, conta o coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Paraná, Hélio Meca.

O objetivo do MAB, agora, é abrir negociação com a Tractebel, que é acusada de não ter pago nem negociado as indenizações às famílias desalojadas na época da construção das barragens. Além disso, o movimento vai propor à Assembléia Legislativa uma investigação para apurar o processo de privatização da água no estado que, segundo o MAB, consistiu na entrega de um bem do povo brasileiro a multinacionais por um preço irrisório.