Os povos indígenas e africanos na construção cultural do Brasil

Por Joana Martines
Fonte Agência Notícias do Planalto

As escolas públicas e privadas ensinam que o Brasil é fruto da miscigenação entre brancos, índios e negros. Entretanto, os povos indígenas e africanos, que formaram e construíram o país, ficam relegados ao passado. A questão da diversidade cultural não é verdadeiramente discutida pela sociedade. Esta foi a análise que permeou os debate Construções Étnicas: Identidade e Diversidade Cultural.

A atividade, que aconteceu na tarde de ontem (06/04) no teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, faz parte do Seminário Cultura Viva na Teia, que integra a programação da Teia Cultural, uma série de atividades organizadas pelo Ministério da Cultura, na capital paulista.

Segundo a professora de Antropologia da USP, Maria Lúcia Montes, na história do Brasil, a população negra está fadada à escravidão. O mesmo acontece com os povos indígenas. Sempre tratados de forma genérica, as discussões não respeitam a diversidade dos 220 povos indígenas que existem no Brasil. Como iniciativa de reverter este quadro, Maria Lúcia citou a criação do Museu Afro Brasil, localizado no parque do Ibirapuera, em São Paulo. De acordo com a professora, identidade é fruto de uma construção social, por isso a importância de pensar à sério a questão da diversidade. Não haveria cultura brasileira se não houvesse os povos indígenas e africanos, afirmou Maria Lúcia.

Beth de Oxum, do Centro Cultural Coco de Umbigada de Recife, em Pernambuco, denunciou que as igrejas evangélicas, que se alastram cada vez mais nos canais de televisão, negam e degradam a cultura popular brasileira e que esse fato deve ser pautado e discutido pela sociedade. Ela contou que o trabalho desenvolvido por seu centro cultural envolve as crianças da comunidade para que elas tenham acesso à riqueza cultural barsileira, que não aparece no rádio e na TV. Para Beth, a mídia oculta a nossa cultura, mas o país está acordando para isso.

Participaram também do debate o secretário de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Sérgio Mamberti e Aritana do Xingu, da Aldeia Yawalapiti, localizada na região do Alto Xingu.

A Teia Cultural acontece até domingo (09/04) no Pavilhão da Bienal no Parque do Ibirapuera, com atividades de música, teatro, artes plásticas e visuais, oficinas e debates.