MST e MAB continuam acampados no centro de João Pessoa (PB)

Desde o dia 17 de abril, 200 trabalhadores e trabalhadoras rurais ligados ao MST da Paraíba estão acampados no Parque Sólon de Lucena, no centro de João Pessoa (PB). Na mobilização, estão presentes representantes dos 44 acampamentos do Movimento no estado e 50 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragem.

O objetivo do MST é pressionar o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para que realize, em caráter de urgência, as vistorias das áreas em que existem acampamentos. Já o MAB reivindica, junto ao governo do estado, o reassentamento de 700 famílias desalojadas desde a construção da barragem de Acauã, em 2002.

A direção estadual do MST já declarou que a ocupação permanecerá no centro da capital até que sejam obtidas conquistas concretas. “Só vamos por fim ao acampamento montado em João Pessoa quando o Incra resolver nos atender e dar uma solução aos problemas dos 44 acampamentos que temos espalhados por todo o estado. Hoje somos cerca de 3.500 famílias”, concluiu Dilei Schiochet, integrante da direção estadual do MST. O MAB também garantiu que só deixa o acampamento quando obtiver uma negociação palpável com o governo do estado.

No dia 18 de abril, o MST entregou ao Incra a pauta de reivindicações que pedia a atualização dos índices de produtividades, a vistoria das áreas de acampamento e pelo pedido de celebração de convênio entre o Incra e governo do estado para reassentamento das famílias do MAB.

Mesmo diante de uma nova greve dos servidores do Incra, iniciada na segunda-feira (24/04) os trabalhadores e trabalhadoras marcharam em direção ao órgão para cobrar que a pauta entregue seja cumprida.

Enquanto as conquistas não vêm, o acampamento se torna um grande espaço de formação política e articulação entre campo e cidade. Hoje (26/04) ocorrerá trabalho voluntário em parceria com a prefeitura para embelezar o centro da capital.

Mobilização

Além disso, três pontos de rodovias federais no estado foram interditados no dia 17 de abril. Os trechos davam acesso ao Vale do Piancó e aos municípios de Teixeira e Condado, sertão paraibano.

Também no dia 17 em João Pessoa, mais de 200 integrantes do MST passaram a madrugada em frente ao Tribunal de Justiça para lembrar os 10 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás (PA).

Ao amanhecer, houve um plantio de 19 mudas de pau-brasil. “São 500 anos de destruição de nossa natureza. Nossas árvores de pau-brasil foram e continuam a ser trocadas por outras como o eucalipto, que servem ao interesse das empresas multinacionais e colaboram para o empobrecimento de nosso solo, água e ar. É uma forma simbólica de alertamos a sociedade”, esclarece Dilei Schiochet. O ato foi realizado contra o desmatamento da flora brasileira e também em solidariedade as mulheres da Via Campesina. Parte das mudas foram plantadas na Praça João Pessoa e no anel interno do Parque Solon de Lucena, onde está o acampamento do MST e MAB.