Bioenergia é praticada em assentamentos do Paraná

Por Raquel Maria Zolnier

As doenças são manifestações do desequilíbrio energético do corpo. A cura pode estar na mudança alimentar, ou de comportamento, ou mesmo no uso de princípios ativos existentes na natureza, não manipulados, na forma de chás. “Esse método hoje se chama de biossaúde, mas foi também conhecido como bioenergia”, diz a irmã Rulda Lia Francener, a irmão Lia, de 73 anos, uma das divulgadoras do método de cura holística em assentamentos e acampamentos do MST de todo o Paraná.

Existem praticantes da bioenergia em muitos municípios, como na Lapa, Reserva ou em Laranjeiras do Sul, aonde atua Sadi de Amorim há onze anos. Ele trabalha com argila, feita com chá de marcela e barro e colocada sobre os locais afetados e com infusões de no máximo sete tipos de ervas – que vão desde as de uso fitoterápico comprovado, como o cravo, quebra pedra e o figatíl, até as erva de passarinho e o dente de leão.

A avaliação da energia utiliza os princípios da condução de eletricidade. Com um bastão de metal, o intermediário toca o corpo do examinado. Com a outra mão, o intermediário faz um círculo unindo o polegar e o indicador, que é puxado por um auxiliar. A facilidade ou dificuldade para desfazer o círculo dos dedos é que vai mostrar a condição física do examinado. “A energia abaixa no ponto mais fraco e revela a doença”, diz Amorim.

As ervas prescritas devem ser usadas por 21 dias, na forma de infusão. “O líquido ajuda a curar o órgão doente”, diz irmã Lia. Com essa prescrição, espera-se chegar a um tratamento que é, ao mesmo tempo, preventivo. “Na maioria dos casos há alívio da dor ou redução dos sistemas de alerta, que são as ínguas, a dor de cabeça e a febre”, diz Amorim.

O método bioenergético foi desenvolvido pelo médico japonês Yoshiaki Omura, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Durante os anos de 1976 a 1978, ele aplicou e aprimorou todos os testes com o uso de medicamentos alopáticos. Omura deu ao método o nome de “Bi-digital – O-ring-test”, referindo-se ao uso de dois dedos e ao anel ou “O” formado por esses dedos no teste. De 1978 a 1988, ele passou a fazer experiências práticas em sua clínica.

Na época, ele havia aprimorado o sistema, reunindo nele os três elementos fundamentais para o processo de tratamento: constata-se quais os órgãos do corpo estão em desequilíbrio, identifica-se as causas desse desequilíbrio e, então, define-se as terapias próprias para o tratamento do indivíduo, na dosagem correta. O método popularizou-se nos anos seguintes principalmente graças às descobertas de outro médico japonês, Áton Inouque, radicado na Nicarágua. Inouque testou o método bionergético com os princípios ativos das plantas existentes na Nicarágua e descobriu que elas podiam fazer o mesmo efeito do método alopático, utilizado por Omura.

As descobertas de Inouque foram levadas para os agentes comunitárias daquele país, carente de médicos. Centenas de pessoas começaram a praticar o método bioenergético e a tratar literalmente milhares de indivíduos – fazendo uso do poder das ervas curavam as mais diversas doenças. Através de cursos e treinamentos, o método foi divulgado por toda América Latina, chegando ao Brasil pelo padre jesuíta Renato Barth, atualmente residente na África. O teste é feito por agentes das Pastorais de Saúde, acupunturistas e terapeutas holísticos.

Corrente da vida

O método bioenergético parte do princípio de que o corpo humano é animado por uma força sutil, chamada de bioenergia. Ele destaca que cada órgão de nosso corpo tem e emite energia “própria”, que cumpre diferentes funções, vitalizando todas as células do sistema. Um órgão sadio emite bastante energia, muito mais energia que um órgão doente. Um órgão saudável cumpre sua função e beneficia todo o organismo. Quando o fluxo energético de um órgão estagna, nele circulando pouca energia, inicia-se a doença. Ou seja, o corpo todo sofre com um órgão doente.

Genoveva Bittencourt, 72 anos, procurou o tratamento bioenergético para tratar problemas no estômago e na tireóide. “Estou cansada de gastar em remédios e nada de melhorar. Vou tentar esse tratamento agora”, diz a lavradora, que mora em Rio Bonito do Iguaçu. Lourdes Pedroso, 52 anos, está se tratando há três meses com a bioenergia. “Estou bem melhor, tinha problemas na coluna e nos nervos, pelo uso de agrotóxicos na lavoura”, conta.

Fonte auxiliar: Guia Lótus