Ministério Público irá denunciar violência contra acampados no RS

Advogados e integrantes do MST entraram com uma representação no Ministério Público contra a violação aos direitos humanos cometidos pela Brigada Militar na ação de desocupação da fazenda Guerra, no município de Coqueiros do Sul (RS), no dia 11 de março e nos dias seguintes. O grupo se reuniu na tarde de ontem com as promotoras Ângela Salton Rotunno e Miriam Balestro Floriano, na Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, em Porto Alegre (RS).

Foram entregues as denúncias feitas no mês de março pela Comissão Pastoral da Terra na Promotoria de Justiça do Estado, e na Promotoria de Justiça de Carazinho, em abril, por cerca de cem mulheres acampadas em Coqueiros do Sul. A comitiva também repassou às promotoras uma cópia da filmagem feita por acampados que mostra a queima de alimentos, a noite de tortura em que as famílias foram submetidas, com intensos barulhos e ofensas realizadas pelos policiais. Com os depoimentos e o material entregue, as promotoras irão encaminhar denúncia na Justiça. Elas também já marcaram uma audiência no dia 25 deste mês no Comitê Estadual Contra a Tortura, onde ouvirão novamente acampados da região e representantes da Brigada Militar.

A advogada Cláudia Ávila, uma dos integrantes do grupo, espera que desta vez as denúncias sejam investigadas. “Está mais do que na hora do Ministério Público apurar as denúncias feitas pelos acampados contra a polícia. Os Sem Terra já reclamaram diversas vezes nas instâncias legais sobre as agressões cometidas pela Brigada Militar em Coqueiros do Sul, mas medida alguma foi tomada”, afirma. Até o momento, nenhum encaminhado foi dado pelas duas promotorias que receberam a denúncia dos Sem Terra.

Atualmente cerca de 400 famílias vivem no acampamento em Coqueiros do Sul. Elas reivindicam a desapropriação da Fazenda Guerra para fins de Reforma Agrária. Desde o mês de março, os acampados relataram constantes humilhações. Agressões verbais e psicológicas, repressão violenta a manifestações, resultando em pessoas feridas, e o bloqueio da entrada e saída do acampamento pela polícia estão entre as principais reclamações.