Professor de acampamento do MST sofre tentativa de homicídio

Desde o final do ano passado, os trabalhadores e as trabalhadoras rurais do acampamento Pátria Livre, no município de Correia Pinto (SC), denunciam as violações dos direitos humanos cometidas pelos proprietários da Fazenda São Roque. O decreto de desapropriação da área está em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal) e os Sem Terra aguardam o assentamento às margens da rodovia BR-116.

Na semana passada, Paulo César da Costa, professor da escola do acampamento, sofreu uma tentativa de homicídio. O lavrador recolhia pinhão e lenha junto com Francisco José Siqueira Neto, também integrante do MST, quando foi abordado por dois homens a cavalo, um deles o proprietário da fazenda.

Segundo Costa, o fazendeiro apontou um revólver e obrigou os Sem Terra a deitarem no chão. Depois de alguns instantes, chegaram outros dois pistoleiros, um deles filho do latifundiário. “Ele perguntou quem éramos. E após receber a resposta: Sem Terra, me atacou com um canivete dizendo ‘então matamos aqui mesmo’. Ainda sob a mira do revólver, ele me imobilizou e cortou minha orelha esquerda. Em seguida tentou me degolar”, lembra o trabalhador rural.

Os dois Sem Terra saíram correndo em meio a tiros e conseguiram escapar. “No acampamento eu comuniquei aos companheiros sobre o fato. Ligamos para a polícia, que não nos atendeu. Chegamos no hospital e fomos surpreendidos pelos oficiais, que já nos aguardavam porque o fazendeiro havia nos acusado de roubo de pinhão”. Mesmo sofrendo tentativa de homicídio, eles foram presos. Após a intervenção de advogados e deputados que apóiam a luta pela Reforma Agrária, os Sem Terra foram libertados.

O caso gerou indignação entre os integrantes de organizações de defesa dos direitos humanos. “Nós repudiamos os atos contra militantes do MST. Pedimos urgentemente o estabelecimento de inquérito policial como também a resolução do contencioso de desapropriação das terras junto ao Supremo Tribunal Federal”, afirmam em carta a Comissão Pastoral da Terra, o Movimento dos Assentados do Amapá, a Pastoral Carcerária e a Comissão de Justiça e Paz.