Corpo de militante morta pela ditadura sai da ala de “suicidas” após 30 anos

Por Clara Meireles
Fonte Agência Notícias do Planalto

Após um acordo judicial, o cemitério israelita de São Paulo aceitou fazer neste domingo (11/06), o translado do corpo da ex-guerrilheira de esquerda Iara Iavelberg, assassinada pela ditadura militar em 1971 na Bahia. A militante foi dada como suicida no laudo do Exército, que entregou à família o caixão lacrado. Os parentes de Iara e as entidades de direitos humanos lutaram na Justiça para provar ela havia sido torturada e morta pelos militares.

Pela tradição judaica, o suicídio é uma desonra e o corpo do morto é enterrado numa área isolada e de costas para as outras sepulturas. A exumação do corpo foi pedida pelos Iavelberg à Federação Israelita de São Paulo. Após várias negativas, o pedido foi aceito por ordem judicial. O novo laudo confirmou a tese de que a militante, que era companheira de Carlos Lamarca, foi assassinada. O irmão de Iara, Samuel Iavelberg, critica a atitude do cemitério israelita, que confirmava versão de suicídio.

“Eles [Federação Israelita] estavam fazendo de tudo pra preservar a versão da ditadura. Para a gente sempre foi uma briga de caráter política que eles queriam dar versão de caráter religioso”, disse. Depois da decisão, os restos mortais da guerrilheira saíram da ala dos suicidas para o jazigo da família.