Romarias relembram mártires e discutem destruição do meio ambiente

A luta pela terra, pelos direitos humanos e em defesa do meio ambiente é lembrada no próximo final de semana em diversas romarias no centro-oeste e no nordeste do país.

Nas grutas do Santuário de Bom Jesus da Lapa (BA), às margens do rio São Francisco, a 29ª Romaria da Terra e das Águas da Bahia centra a reflexão na importância do rio e no polêmico projeto de transposição.

A 9ª Romaria da Terra, em Zé Doca (MA), coloca em pauta os grandes projetos que geram desmatamento, secam, poluem e envenenam fontes de água, e desrespeitam os direitos humanos. No encerramento, será distribuído o panfleto “Fique de olho no Crédito Fundiário”, alertando os trabalhadores e as trabalhadoras do campo sobre a mercantilização das terras, proposta que vai na contra-mão da Reforma Agrária.

Em Ribeirão Cascalheira (MT), junto ao Santuário dos Mártires da Caminhada, acontece a Romaria dos Mártires da Caminhada em celebração aos 30 anos do assassinato do padre João Bosco Penido Burnier. Segundo nota da Comissão Pastoral da Terra, “Santuário e Romaria dos Mártires são únicos no mundo, tanto por seu caráter ecumênico quanto pela proposta que apresentam. Em nenhum outro lugar existe tal tipo de santuário em que se cultue a memória daqueles que tombaram defendendo a vida. Mais do que cultuar pessoas, o Santuário e a Romaria lembram e celebram a causa da justiça e da liberdade, independentemente de religião. São lembrados bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas católicos, mas também pessoas de outras igrejas cristãs, e das religiões judaica, indígenas e africanas”. A romaria é realizada a cada cinco anos desde 1976, quando o padre João Bosco foi morto com um tiro na cabeça por um policial militar.

Mais de 20 Romarias da Terra acontecem Brasil afora quase todos os anos. São manifestações religiosas promovidas pela CPT em parceria com igrejas e movimentos. Nos últimos anos, as Romarias da Terra tornaram-se também Romaria das Águas. “Elas incorporaram mais este elemento fundamental na vida, com o intuito de conscientizar as pessoas do valor da água e alertar para a sanha capitalista que quer torná-la mais uma mercadoria”, diz a nota da CPT.