Fazendeiros não deixam Reserva Indígena Serra do Sol e violência continua

Por Gisele Barbieri
Fonte Agência Notícias do Planalto

O direito de usufruir as terras da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, ainda não é somente dos povos indígenas, como definiu o decreto do presidente Lula, em abril de 2005. O decreto homologava os cerca de 1,7 milhão de hectares da Reserva, devolvendo estas terras aos povos indígenas. Os arrozeiros tiveram o prazo de um ano para deixarem as terras, que há mais de 30 anos eram reivindicadas pelas comunidades indígenas. Mais de um ano se passou e isto não aconteceu.

Os índios estão divididos em 170 comunidades e carregam a dúvida se algum dia terão a posse da terra. O processo “anda a passos lentos” e a violência continua, como relata a advogada Joênia Batista de Carvalho, da coordenação jurídica do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

“Os piores ocupantes que levam conflitos sociais e ambientais, ainda se encontram na Raposa Serra do Sol, que são os rizicultores (arrozeiros). Eles não obedecem à lei e também a própria Justiça. Então as comunidades têm sido vítimas da morosidade e dos atos de violência dos invasores. A gente tem reivindicado proteção, mas na verdade não existe uma proteção efetiva.”

O meio ambiente também sofre pelas práticas como o plantio de soja transgênica na região. Plantações que recebem grande quantidade de agrotóxicos.

“No mês de junho nós recebemos uma denúncia de milhares de pássaros mortos. Os indígenas foram abrir, para saber o que os pássaros tinham comido e encontraram grãos de soja. Para nós é uma plantação nova, mas já está trazendo impactos.”

Até agora 160 fazendeiros foram indenizados para ceder as terras aos indígenas. Mas a Fundação Nacional do Índio (Funai) não sabe informar quantos já deixaram a reserva Raposa Serra do Sol.