Indígenas denunciam estagnação de processos de regularização de terras

Fonte Cimi

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) há pelo menos cinco terras indígenas no Mato Grosso com processo de regularização fundiária estagnados: as terras Batelão e Cururuzinho, do povo Kayabi; terra Manoki, do povo Irantxe; terra Teresa Cristina do povo Bororo; terra Baía dos Guató, do povo Guató; e terra Portal do Encantado, do povo Chiquitano.

Outros povos ainda não conseguiram que fossem criados grupos técnicos de identificação de suas terras tradicionais ou de partes delas excluídas de demarcações anteriores. Entre elas, estão as terras do castanhal e tucunzal do povo Myky; Rio Preto, do povo Enawenê Nawê; terras do povo Chiquitano e a terra Pontal, do povo Apiaka.

Terras como Jarudori, do povo Bororo, e Urubu Branco, do povo Tapirapé, estão invadidas. A terra Marãiwatsede, do povo Xavante, encontra-se ocupada por invasores e os índios estão confinados em um pequeno espaço, impedidos de circular dentro de seu próprio território apesar de ele estar demarcado, homologado e registrado.

Apesar das recentes operações policiais para controlar o desmatamento no Mato Grosso, os problemas de extração ilegal de madeira e da poluição continuam, agravados pela expansão da monocultura de soja, que polui águas e compromete rios inteiros.

“Os indígenas que vivem isolados na terra indígena do Rio Pardo sofrem ameaças de genocídio, o que só poderá ser resolvido com a retirada de todos os invasores das terras deste grupo, que precisam ser demarcadas e protegidas”, denuncia o Cimi.

A avaliação da situação das terras no Mato Grosso foi realizada por bispos, religiosos e leigos, membros do Conselho Indigenista Missionário, que se reuniram na Assembléia do Regional Mato Grosso entre 17 a 21 de julho, em São Félix do Araguaia. Em manifesto, eles avaliam que as situações citadas necessitam da intervenção imediata do Estado, sob o risco deste contribuir para o etnocídio e genocídio destes povos. “A moratória de demarcação das terras indígenas imposta pelo governo do estado do Mato Grosso, a utilização destas terras como moeda de troca política e a omissão do governo federal, são a causas desta dramática situação”, avaliam.