Sem Terra comemoram conquista de assentamento em Campos (RJ)

Uma cerimônia e um ato público marcaram ontem a comemoração de um novo assentamento em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro. Com a presença do presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart, militantes do MST de todos os acampamentos da região celebraram a conquista da terra para 80 famílias.

Mais tarde, os Sem Terra fizeram uma caminhada e protestaram contra a lentidão da Reforma Agrária em frente ao prédio da Justiça Federal. Durante o ato, o presidente do Incra se reuniu com juízes da região e repassou parte das reivindicações do MST.

Depois de seis anos acampados e quatro tentativas de despejo, as famílias do acampamento Oziel Alves que vivem na fazenda Nossa Senhora das Dores receberam os títulos sobre a terra e vão melhorar as condições de acesso ao crédito e à infra-estrutura. A área faz parte da falida usina açucareira Cambayba, que deve mais de 170 milhões de rais à União, e foi tomada como parte do pagamento da dívida.

O complexo da usina tem outras seis fazendas improdutivas e a luta para desapropriá-las é considerada símbolo da resistência e da força dos Sem Terra no estado. As áreas estão sendo negociadas pelo Incra para fins de Reforma Agrária. Em janeiro, outras 100 famílias foram retiradas do acampamento Oziel Alves II, que ficava na fazenda Mergulhão, também de propriedade da usina.

A alegria dos Sem Terra, porém, não foi suficiente para esquecer o despejo violento de 85 famílias há duas semanas na fazenda Arroz Dourado, também no norte fluminense.

As famílias que viviam, desde setembro de 2005, no acampamento Madre Cristina. Agindo de forma truculenta, a polícia cumpriu a liminar de reintegração de posse e chegou a deter um coordenador e um advogado do Movimento. Todas as casas e as plantações foram destruídas. A fazenda, considerada improdutiva pelo Incra, está com o processo de desapropriação paralisado.