Sem Terra sofrem despejo violento em PE

Por volta das 5h30min da manhã de hoje, a Tropa de Choque da Polícia Militar de Pernambuco iniciou ação de despejo das 500 famílias Sem Terra que vivem no acampamento Chico Mendes, localizado no Engenho São João, município de São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife.

A polícia cercou o acampamento e bloqueou as principais rodovias que dão acesso a área. Milícias armadas entraram no acampamento apontando armas para os Sem Terra. Os trabalhadores e as trabalhadoras não reagiram e foram escoltados pela polícia para fora da área.

O engenho de 580 hectares faz parte da massa falida da Usina Tiúma, pertencente ao grupo Votorantim. Ele foi ocupado pela segunda vez em março desse ano em lembrança aos 10 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA). Cerca de 500 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais vivem no acampamento, onde cultivam milho, mandioca, abacaxi, feijão, entre outras coisas.

O Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária) tinha estabelecido o prazo de mais um mês para desapropriar a área. No entanto, segundo Maria de Oliveira, superintendente do Incra no estado, os advogados do grupo Votorantim se negam a receber as notificações do órgão, o que inviabiliza a vistoria da área.

Histórico

Em 2003, as famílias ocuparam pela primeira vez a área, que estava improdutiva há 17 anos. O local se tornou fonte de sustento para os Sem Terra. Um ano e meio depois, o juiz da Comarca de São Lourenço da Mata negou um pedido de reintegração de posse e manteve os Sem Terra na área. Mais tarde, a reintegração concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco.

Em julho de 2005, mais de 600 policiais da tropa de choque foram deslocados para despejar os Sem Terra. Durante 48 horas, eles intimidaram e ameaçaram fisicamente as famílias. Bombas de efeito moral foram jogadas dentro do acampamento, cercado pela polícia. Os advogados, deputados e defensores de direitos humanos foram impedidos de entrar.