10 mil protestam contra ataques ao Líbano

Com informações da Agência Carta Maior

Depois de uma semana de ações pontuais de protesto contra os ataques israelenses ao Líbano em São Paulo, como o fechamento pontual do comércio em bairros de grande concentração árabe, como o Brás, entidades palestinas, libanesas e movimentos sociais, articulados no Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes, realizaram neste domingo uma marcha que reuniu cerca de 10 mil pessoas, fechou parte da Avenida Paulista, tomou a Avenida Brigadeiro Luis Antônio e terminou no Monumento às Bandeiras, no início da Avenida República do Líbano.

No ato, que transcorreu de forma tranqüila, os manifestantes cobraram do governo um posicionamento público de repúdio aos ataques israelenses, (principalmente em respeito aos brasileiros que morreram no Líbano), a retirada do seu embaixador de Israel, – a exemplo da atitude tomada na última semana pelo governo venezuelano -, e a retirada do Brasil das negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Israel.

Apoios

O apoio ao cessar-fogo e à retirada das tropas israelenses do Líbano vem crescendo tanto no Brasil quanto entre intelectuais e organizações sociais do mundo todo. Na marcha de domingo, deputados estaduais e federais e dirigentes de partidos de esquerda, como o PT, o PC do B, o Psol e o PSTU repudiaram os ataques e a ocupação israelenses no Líbano e na Palestina. Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) também participaram do protesto.

Já desde a última semana, organizações ligadas ao Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM) circularam um documento que exige “o cessar-fogo imediato e incondicional no Líbano e nos territórios palestinos ocupados, a implementação da soberania plena para o Líbano, os direitos nacionais do povo palestino e nenhum exército da Otan no território libanês”. O documento é assinado por cerca de 130 entidades e milhares de ativistas individuais do mundo todo.

Personalidades

Outro manifesto, divulgado na última semana e assinado pelos escritores Tariq Ali, Noam Chomsky, Eduardo Galeano, Howard Zinn, Arundhati Roy, John Berger e o cineasta Ken Loach, acusa Israel de ter cometido crimes de guerra de acordo com o Direito internacional, denunciando também uma pré-intenção por parte dos governos israelense, americano e britânico de invadir o Líbano. O escritor Miguel Urbano também aderiu ao manifesto.

“O massacre de Qana e as perdas de vidas humanas ali consumadas não é apenas desproporcional. De acordo com o direito internacional, constitui um crime de guerra. A deliberada e sistemática destruição da infra-estrutura social do Líbano pela aviação israelita foi também um crime de guerra concebido para reduzir esse país ao status de protetorado estadunidense e israelita”, afirma o documento.

Os intelectuais concluem: “oferecemos nossa solidariedade e apoio às vítimas desta brutalidade e aqueles que resistem. De nossa parte, utilizaremos todos os meios a nossa disposição para denunciar a cumplicidade de nossos governos com esses crimes. Não haverá paz no Oriente Médio enquanto continuarem as ocupações da Palestina e do Iraque e os bombardeios no Líbano”.