Depois de 6 anos, pistoleiro é julgado no Paraná

O pistoleiro José Luis Carneiro, acusado pelo assassinato do Sem Terra Sebastião da Maia, morto em novembro de 2000, no município de Querência do Norte, região noroeste do Paraná, vai a julgamento nesta quinta-feira (10/08). O assassinato aconteceu há seis anos e o pistoleiro que continua solto. Só agora será julgado. Os mandantes ainda não foram responsabilizados pelo crime.

O júri popular será na Comarca de Loanda, nesta quinta-feira, às 13h. O julgamento vai ser acompanhado pelos trabalhadores Sem Terra e várias entidades de apoio à luta pela terra. Até agora os mandades do crime não foram punidos, continuando impune a ação de milícias armas que agiam associadas aos latifúndiários da região Noroeste.

Crime anunciado

O crime aconteceu numa emboscada, próxima à Fazenda Água da Prata, em Querência do Norte, que havia sido despejada pela polícia militar em novembro. Os trabalhadores transitavam por uma estrada rural quando foram atacados por pistoleiros que agiam na região. Na emboscada o lavrador Sebastião da Maia foi morto com vários tiros, sendo atingido na cabeça.

Outro trabalhador ficou ferido. Em 1999, Tiãozinho da Maia, como era conhecido, e sua família foram despejados da Fazenda Rio Novo, também no município de Querência do Norte, ocasião em que sua mulher Adelina Ventura foi torturada pela Polícia Militar, conforme depoimento prestado em audiên cia com o Secretário Nacional de Direitos Humanos, José Gregori, em Curitiba.

Adelina relatou: “Nós tava dormindo neste horário, quando eles chegaram gritando muito alto: ‘Polícia, polícia. Sai todo mundo com as mãos para cima!… E cadê teu marido? Cadê teu marido? … Quem é a mulher do Tiãozinho, aqui? O teu marido é um dos líder do movimento, nois qué ele”.

O militante do MST foi a 16ª vítima dos conflitos do campo que tomaram conta do Paraná durante o governo de Jaime Lerner. O assassinato de Sebastião da Maia não é um caso isolado. Entre 1996 e 2002, foram assassinados no Paraná 14 trabalhadores do MST, sendo quatro na região Noroeste.

De 1985 a 2005 ocorreram no Paraná 45 assassinatos de trabalhadores. No mesmo período, no Brasil foram assassinadas 1.425 pessoas, entre trabalhadores, lideranças sindicais ou de movimentos e agentes de pastoral. Destes crimes somente 78 foram julgados, e apenas 67 executores e 15 mandantes condenados.