Estudantes da Ufes ocupam reitoria contra Aracruz

Os estudantes da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) ocuparam a sede da reitoria, nesta quinta-feira (10/08), para protestar contra o acordo para financiamento da Aracruz Celulose com a universidade. A empresa de celulose planeja investir 250 mil reais nos centros de ensino da Ufes, tendo como contrapartida a divulgação de sua marca em todos os projetos que recebam o recursos financeiros.

“Esse tipo de convênio compromete a autonomia da universidade, pois o conhecimento fica direcionado aos interesses da empresa. Além disso, a Aracruz tem um impacto destruidor no nosso Estado, tomando terras dos índios, quilombolas e comprometendo a Reforma Agrária. Agora quer também invadir nosso conhecimento”, explica a representante dos estudantes, Bruna Gati, integrante do Diretório Central dos Estudantes.

O protocolo de intenções foi apresentado à universidade ainda no período de recesso das aulas e já entraria em votação na instância máxima da universidade na primeira semana de aulas. Os professores, principalmente do Centro de Ciências Humanas e Naturais, questionam a decisão tomada sem qualquer consulta ou debate com a comunidade acadêmica. A resistência conseguiu adiar a votação para 9 de setembro. Até essa data, todos os departamentos e centros da Ufes podem analisar o protocolo.

Paulo Scarim, professor de geografia da Ufes, acredita que a Aracruz pretende ganhar legitimidade dentro da universidade. “O Centro de Ciências Humanas e Naturais tem realizado o projeto de identificação do território quilombola no Espírito Santo. Isso compromete a empresa. Por isso, ela quer aliar sua imagem a pesquisas nesse centro de ensino”, comenta.

Os estudantes ocuparam a sala do reitor, que recebeu o grupo numa audiência extraordinária, na qual assinou um documento se comprometendo a realizar um amplo debate com a comunidade acadêmica sobre o tema. A reitoria vai fazer uma audiência pública com todos os movimentos sociais e comunidades que sofrem com os impactos da atividade da Aracruz Celulose.

Antes da ocupação da reitoria, aconteceu um debate sobre os impactos do agronegócio no Espírito Santo, com a participação de professores da Ufes e integrantes dos movimentos sociais, como o MST, MPA (Movimento de Pequenos Agricultores), Brigada Indígena e Comissão Tupinikim Guarani.