MST inaugura assentamento na cidade de São Paulo

Há quatro anos, 40 famílias ligadas ao MST lutam pela desapropriação de uma área de 120 hectares na região de Cajamar, município de São Paulo. A área pertence à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o plano inicial do governo do estado era transformar o espaço em um depósito de lixo.

Após uma série de tentativas de negociar a desapropriação com o governo de São Paulo, o MST decidiu declarar a área um assentamento da Reforma Agrária por conta própria. Assim, foi inaugurado no dia 12 de agosto o Assentamento Comuna da Terra Irmã Alberta, o primeiro dentro de São Paulo.

A divisão dos lotes já começou a ser feita. Cada família deve receber 1,5 hectare, sendo que meio hectare será destinado à construção das casas e à produção familiar (pequenas criações) e o restante (1 hectare) vai para a área de produção coletiva, caracterizando o modelo chamado de comuna da terra. A sobra dessa divisão será destinada à preservação ambiental e reflorestamento. O cultivo de produtos hortifrutigranjeiros será feito de forma orgânica e agroecológica. As famílias já iniciaram a produção coletiva de alimentos, e mantém uma horta em formato de Mandala (círculo), para economizar água.

As famílias seguem aguardando a legalização da área, prometida em diversas audiências entre o MST, o governo do estado e a justiça de São Paulo. A última reunião que discutiu essa questão aconteceu há mais de sessenta dias.

Festa de Inauguração

Para comemorar a inauguração do Assentamento Comuna da Terra Irmã Alberta, foi organizada uma grande festa em 12 de agosto. As regionais do MST de SP estiveram presentes com barracas de comes e bebes e produtos da Reforma Agrária.

A partir das 9h00, após uma mística de abertura, a programação cultural começou. Apresentaram-se os grupos de teatro Calango, com a peça O Bueiro e Arlequins com um trecho da peça Pra não dizer que não falei das flores. Seguiram-se apresentações de poesia, música latina, samba-rock e hip hop.

Um plantio de mudas na área comum do assentamento deu início à cerimônia de inauguração. A partir das 15 horas houve um ato ecumênico com as presenças de Dom Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da pastora Heidi, representante da igreja Confissão Luterana, de Dom Simão, arcebispo de São Paulo, de Dom José Maria, bispo de Bragança Paulista, do padre Paulo Suez, do Conselho Indigenista Missionário Nacional (Cimi),além de representantes de várias outras congregações religiosas. A grande homenageada do dia, Irmã Alberta (CPT), religiosa italiana que dá o nome ao acampamento, pediu uma benção para aqueles que lutam pela terra.

O ato político, realizado a seguir, contou com as presenças de Plínio de Arruda Sampaio, do senador Eduardo Suplicy, dos deputados federais Ivan Valente e Luiz Eduardo Greenhalgh, dos deputados estaduais Renato Simões, Simão Pedro e Carlos Neder e da deputada estadual Ana Martins. Participaram também o prefeito de Jandira, Paulinho Bururu, o vereador de Jandira, Zezinho, e o vereador Anderson, de Francisco Morato.

O encerramento ficou por conta da bateria da Escola de Samba Gaviões da Fiel.