No Pará, 86% da riqueza está nas mãos de 0,64% da população

Por Clara Meireles
Fonte Agência Notícias do Planalto

O estado do Pará vive a ditadura de uma minoria de proprietários rurais contra uma maioria muito pobre, que é reprimida pela polícia e pela lentidão do Judiciário. Esta é a avaliação de Charles Trocate, integrante da direção nacional do MST. Segundo ele, todos os 143 municípios paraenses vivem da agricultura, que, no estado está baseada em um modelo de concentração extrema da terra.

Dados da pesquisa “Atlas da exclusão social – Os ricos no Brasil”, realizada por economistas de quatro grandes universidades brasileiras em abril deste ano, apontam que 86% da riqueza no Pará estão nas mãos de 8.600 famílias dos municípios de Belém, Marabá e Santarém, o que equivale a 0,64% da população do estado.

“Desde o menor ao maior município do Pará, essa concentração da terra estimula a violência contra os trabalhadores. E isso ocorre porque o modelo adotado como referência para desenvolver economicamente o estado é o modelo do agronegócio, que significa grande concentração de terra, monocultura de um ou dois produtos para exportação, e a base fundamental de lucro para os proprietários é o não pagamento do salário aos trabalhadores. Ou seja, é a realização do trabalho e da riqueza pelo trabalho escravo, pela grilagem de terras e pelo crime ambiental. Essa é a base da violência.”

Segundo levantamentos recentes feitos Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Pará, em 86% dos municípios do estado ocorreram conflitos agrários, e em 58% deles foram registrados assassinatos de trabalhadores rurais ligados à luta pela terra.