MST marcha para exigir Reforma Agrária no RS

Cerca de 350 trabalhadores rurais Sem Terra iniciam na manhã de segunda-feira (13) uma marcha entre os municípios de Arroio dos Ratos a Eldorado do Sul. A caminhada deve durar vários dias e vai seguir até a Fazenda Dragão, ocupada pelo MST em junho do ano passado.

A mobilização é uma forma de as famílias reivindicarem a liberação da área e denunciarem o atraso na Reforma Agrária no Rio Grande do Sul. Na segunda-feira, às 9h da manhã, integrantes do Movimento Sem Terra (MST) e de entidades apoiadoras da Reforma Agrária irão realizar um ato de envio da marcha, no acampamento do MST em Arroio dos Ratos, na BR 290. Haverá uma coletiva de imprensa no local, que fica no Km 149 da BR 290, a aproximadamente 70 quilômetros de Porto Alegre.

Enquanto mais de 2,5 mil famílias vivem em acampamentos de beira de estrada no Rio Grande do Sul, algumas delas há seis anos na luta pela terra, o ritmo de assentamentos no Estado é um verdadeiro fracasso.

Em 2003, a meta do Governo Federal era assentar 15 mil famílias em quatro anos. Incapaz de cumprir a própria meta, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se comprometeu a assentar pelo menos 1070 famílias em 2006. Até agora, apenas 98 famíias foram assentadas no Estado.

No últimos quatro anos, apenas 319 famílias foram assentadas. Já o Governo do Estado lavou as mãos e não assentou nenhuma família Sem Terra. A situação da Fazenda Dragão, de Eldorado do Sul, é uma prova de que também o Poder Judiciário não contribui para a agilidade no processo de
Reforma Agrária. Um inquérito policial aponta que a fazenda seria utilizada para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

A área tem 760 hectares e foi ocupada pelo MST em junho do ano passado e vistoriada posteriormente pelo Incra. No entanto, sua vistoria foi suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), baseado na lei que impede vistorias em áreas ocupadas pelos Sem Terra.

O MST defende que a área seja desapropriada devido à sua especificidade, de estar servindo ao crime organizado, enquanto deveria beneficiar dezenas de famílias de trabalhadores rurais que poderão ser assentadas no local.