MST ocupa fazenda devastadora de mangues no Ceará

O MST ocupou a fazenda Qualibrás, de criação de camarão em cativeiros em Itapipoca, região litorânea do Ceará, na madrugada de segunda-feira (22/01), para denunciar a destruição ambiental de mangues e a lentidão do processo de Reforma Agrária no estado.

A ocupação foi realizada por 150 famílias dos acampamentos Malamba e Guaribas, na região do litoral do Ceará. Algumas famílias estão há mais de cinco anos embaixo da lona preta na luta pela Reforma Agrária. Em 2006, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tinha como meta o assentamento de 2.000 famílias no estado. No entanto, somente 206 famílias receberam os lotes.

Por isso, o MST denuncia a lentidão do Incra para encaminhar a desapropriação e emissões de posse das áreas no Ceará. Mais de 1.700 famílias do movimento vivem em acampamentos no estado.

Na terça-feira, as famílias do MST têm audiência com o Incra, a Secretaria do Desenvolvimento Agrária do Ceará e prefeitura de Itapipoca, às 15h, para discutir o processo de Reforma Agrária no estado.

Destruição de manguezais

O MST denuncia também mais um ato de violência do agronegócio no país com a destruição de manguezais na região pelo grupo Qualibrás. Esse crime ambiental é considerado grave, de acordo com as leis brasileiras, por causa da importância dos mangues na cadeia alimentar marinha.

A produção sem controle de camarão avança sobre os manguezais no Nordeste do país, denunciou o jornal O Estado de S. Paulo, em setembro de 2006. Vários produtores são alvo de denúncias pela destruição de manguezais por criadores de camarão em cativeiro. Já foram encontradas irregularidades em viveiros inspecionados na região, resultando em multas, ações judiciais e cobranças para que os órgãos de fiscalização sejam mais eficientes.

No entanto, desde 1997 aumenta o número de fazendas em operação, o que implica em devastação dos mangues. Estudos registram que cerca de 70% das espécies de animais do mar dependem dos mangues, que chegam a ser chamados de berçários marinhos.

Apesar da importância ambiental e da legislação, os criadores de camarão em cativeiro seguem a devastação. Entre 2003 e 2004, a área de criadouros no Brasil passou de 14.824 hectares para 16.598.

Isso representa uma variação de 1.774 hectares, segundo números da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Cerca de mil fazendas estão funcionando no país. Nos anos 80, eram 20.

Os mangues são as áreas mais procuradas pelos devastadores por causa do baixo custo de produção. Além da água farta e próxima, o movimento da maré contribui para uma redução considerável nos gastos com bombeamento de água para dentro dos tanques.

A área ocupada fica a 15 Km do distrito de Barros, em Itapipoca.