Assentados bloqueiam estrada por rede de água em Ribeirão

Cerca de 100 lavradores do MST de Ribeirão Preto, do assentamento Sepé Tiarajú, ocupam desde às 8h30 a rodovia Abraão Assed, para pedir investimentos do governo federal em infra-estrutura nas áreas de Reforma Agrária, nesta quarta-feira, no município de Serrana.

Os trabalhadores rurais do assentamento estão sofrendo com a falta de água por causa da ausência de uma rede de distribuição. As famílias precisam caminhar cerca de 5 quilômetros para ter acesso à água,levando baldes e tambores até o poço artesiano e ao reservatório.

Na manifestação, a passagem na rodovia é liberada aos carros de passeio e ônibus. Os alvos são os caminhões da Usina Nova União, em protesto contra a expansão da cana e os investimentos do governo na produção para exportação, em detrimento da pequena agricultura e da reforma agrária.

“O governo federal tem privilegiado o agronegócio, especialmente os usineiros, que são os ditos agora ‘heróis nacionais’ na opinião do presidente da República. Para eles não falta a mão forte do Estado para o repasse de dinheiro”, diz Edvar Lavratti, integrante da direção regional do MST em Ribeirão Preto.

Os usineiros conseguiram a autorização do repasse de R$ 2,2 bilhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o pagamento de sua dívidas. Por outro lado, os lavradores ainda não conseguiram compromisso do governo para investimentos em infra-estrutura.

“O assentamento é de responsabilidade do governo federal e não há previsão para a liberação de recursos para aquisição da rede de água”, afirma o dirigente.

Em Ribeirão Preto, o avanço do agronegócio tem contribuído para o aumento da pobreza na cidade, que tem 34 favelas com 20 mil habitantes. No final de 2005, eram 31 favelas com 18 mil moradores.

A população carcerária da região soma 3.813 pessoas, segundo dados da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SAP). A quantidade é superior a da população rural, em torno de 2.000 habitantes.

No assentamento Sepé Tiarajú, os camponses têm a prática agroecológica e a defesa ambiental, especialmente com a preservação e recuperação do Aqüífero Guarany.

“O assentamento está localizados entre uma usina e um presídio: já sabemos o que não queremos para o Brasil”, afirma Lavratti.