Estudantes denunciam perseguição política na UFV

Em ação de total desrespeito aos direitos dos estudantes, o departamento de Engenharia Florestal (DEF) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) expulsou em fevereiro, a entidade representativa dos estudantes do curso – a Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (Abeef), da sala que ocupava desde 2003 no departamento. O movimento estudantil e movimentos sociais denunciam perseguição política contra os estudantes.

A atitude foi uma punição contra os estudantes que em conjunto com movimentos sociais, ocuparam em janeiro desse ano, a sede da transnacional Acesita-Arcelor em Belo Horizneto (MG). A decisão de expulsar a Abeef foi tomada no dia 5 de fevereiro por unanimidade pelo colegiado do DEF e se caracterizou em perseguição política aos estudantes.

Desde então, os estudantes e os movimento sociais têm realizado uma série de ações para denunciar a opressão que se realiza contra os estudantes da UFV. No dia 17 de abril, o Movimento Estudantil da UFV (DCE, CAs, DAs e executivas de curso) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a sede da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), dentro do DEF-UFV, em ato de repercussão nacional.

A SIF é uma fundação de direito privado, interna ao DEF que agencia e organiza a prestação de serviços dos professores para as empresas associadas. Entre as 36 empresas associadas, estão as grandes transacionais do setor de eucaliptos no Brasil e exterior como a Acesita, a Aracruz e V&M.

Na ocasião, o DEF suspendeu as aulas para tentar jogar estudantes contra estudantes. A situação ficou tensa em vários momentos. O Centro Acadêmico de engenharia florestal juntamente com a coordenadora do curso articularam um contra movimento.

Em nota, distribuída pelos estudantes, eles alegam que “ações protagonizadas pelo movimento estudantil” são para denunciar “as reformas políticas e sociais do projeto neoliberal”, de caráter fortemente privatista. Políticas essas resultantes de diretrizes traçadas pelo capital transnacional, através do Banco Mundial, do Bando Interamericano de Desenvolvimento (BIRD) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mesmo com a pressão, os manifestantes deram continuidade à ocupação, permanecendo nas salas da SIF e da chefia do departamento. Um dia após a ocupação, os estudantes liberaram a entrada do prédio para o funcionamento das demais atividades, como aula, biblioteca e sala de professores.

A Universidade entrou com o pedido de reintegração de posse no dia 18 de abril, a Justiça federal negou o pedido e intimou ambas as partes para uma audiência de conciliação. Nesta audiência, realizada no dia 20 de abril, foram três representantes do Movimento de Ocupação, o procurador da UFV, Paulo Afonso e o chefe do departamento de Engenharia Florestal.

Na audiência ficou acertada que seria realizada uma vistoria na sede da SIF para certificar que o patrimônio público e o da SIF estariam intactos e dessa forma resguardar os manifestantes de qualquer ação futura. Também ficou acertada a reposição das aulas suspensas e que o departamento não aplicaria sanções aos estudantes que participaram da mobilização.

Vistoria

A vistoria foi realizada momentos antes da completa desocupação do prédio. A polícia civil constatou por meio visual que tudo estava em perfeita organização e preservação. No dia 23 de abril, no entanto, foi realizada uma nova vistoria nos computadores da SIF. A política alega que os manifestantes usaram os computadores da entidade.

No dia 27 de abril, cinco estudantes foram surpreendidos em suas casas às 6h da manhã com o oficial de Justiça acompanhado da polícia militar com posse do mandado de busca e apreensão que foi deferido pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Cível, José Carlos Marques, cuja parte impetrante foi a SIF.

As casas foram vistoriadas e apreendidos disquetes, CD-ROMs, e computadores. Estes foram levados para realização de perícia. Segundo o oficial de Justiça a delegacia não teria espaço físico suficiente, sendo assim foram levados para realização de perícia na sede da SIF.

O prédio onde foi realizada a perícia ficou trancado e nenhum dos representantes das mobilizações pode acompanhar a perícia.

Essa não é primeira vez que estudantes de Viçosa são alvo de perseguição política. Em 2006, para questionar a ausência de uma política de assistência estudantil, o estudante ocuparam o CONSU. O fato resultou na perseguição a três estudantes, através da abertura de processos judiciais.