Via Campesina cobra de ministro responsabilidade sobre transgênico

Na tarde de ontem (22), uma comissão formada por integrantes da Via Campesina Brasil e de entidades ambientalistas reúne-se em Brasília com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para questionar a atuação do ministério em relação à liberação comercial do milho transgênico da Bayer na CTNBio, ocorrida no último dia 16. Foram 17 votos favoráveis à liberação, quatro contrários e um voto pedindo diligências antes da aprovação do processo.

As entidades apontam a precariedade da decisão da CTNBio em liberar o milho transgênico sem levar em conta os possíveis riscos à saúde que os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) podem causar à população. “O princípio de precaução e análise de riscos deveria ser priorizado na discussão, e o que aconteceu foi justamente o contrário: não há nenhum estudo que comprove a segurança dos transgênicos”, afirma Rosângela Cordeiro, da Via Campesina Brasil.

Além disso, os movimentos sociais denunciam que é o ministério quem elege, arbitraria e tendenciosamente, os representantes da sociedade civil da área da saúde na reunião da CTNBio, quando estes deveriam ser escolhidos pela própria sociedade.

Segundo especialistas, a capacidade de contaminação do milho transgênico é muitas vezes superior à da soja, por exemplo. A solicitação de liberação do milho transgênico no Brasil é feita somente por quatro transnacionais, o que pode levar a um monopólio de produção de sementes de milho no Brasil, avaliam as entidades.

A Via Campesina é uma organização camponesa internacional que desde 1993 é responsável pela mobilização e articulação mundial defendidas pelos camponeses. No Brasil, sete organizações compõem a Via: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB).