Após pressão popular, Sem Terra presos no Rio são liberados

Os 19 trabalhadores rurais Sem Terra presos na última quarta-feira, dia 23, sem nenhuma justificativa, foram libertados na manhã de ontem, 24. Eles ganharam a liberdade depois que diversas entidades, políticos e movimentos sociais encaminharam aos órgãos competentes, uma carta de solidariedade aos trabalhadores, pressionando contra as prisões e denunciando o caráter político das mesmas.

Os presos ficaram incomunicáveis até a madrugada de ontem, dia 24, quando os advogados tentaram entrar com Hábeas Corpus, que foi julgado improcedente. Segundo os dirigentes do MST no Rio de Janeiro a liberdade dos militantes só foi possível por causa da pressão realizada pela sociedade.

Dos 19 trabalhadores presos, 17 foram soltos sem sequer serem indiciados. No entanto, Francisco Lima, advogado da Rede Nacional de Advogados Populares (Renaps) e Luciana Miranda, pedagoga e coordenadora do MST foram acusados e vão responder ao inquérito em liberdade. Os dois dirigentes, que são filhos de assentados da Reforma Agrária, foram presos quando caminhavam às margens da rodovia em direção ao acampamento Maria Crioula. Eles estão sendo acusados de dano qualificado, desacato à autoridade, resistência à prisão e corrupção de menores.

Os 19 trabalhadores foram presos dentro do acampamento Maria Crioula, localizado às margens da rodovia BR 393, e levados para a 88ª Delegacia de Barra Mansa, de onde foram transferidos para Volta Redonda. Eles tiveram as barracas, onde vivem desde 15 de abril, quando ocuparam a área, revirados. Foram apreendidos facões e foices usados na lavoura. Alguns dos barracos foram destruídos.

A Polícia Militar alegou que as prisões foram motivadas pela manifestação realizada pelo MST, na manhã de quarta-feira, dia 23, na BR 393, em Barra do Piraí, sul Fluminense. No entanto, elas ocorreram quando a manifestação já havia sido dispersada e o fluxo de veículos já havia sido restituído. Os policiais usaram bombas de efeito moral e agrediram manifestantes que caminhavam pelo acostamento, enquanto deixavam o local do ato. A prisão ilegal e arbitrária envolveu abuso de autoridade e abuso de poder.

Na tarde de ontem, diversas entidades e movimentos sociais realizaram um grande ato contra a criminalização dos movimentos sociais, em Volta Redonda, em frente Delegacia da Policia Federal, onde os trabalhadores foram presos durante 24 horas.