Sem Terra marcham no Rio por rapidez no poder Judiciário

Aproximadamente 200 trabalhadores rurais Sem Terra marcham em direção ao prédio da Justiça Federal, no centro de Campos os Goytacazes, no Norte Fluminense, desde as 9 horas da manhã de hoje, 29. A caminhada atravessou a BR 101 em direção à Praça São Salvador. Os agricultores querem pressionar o poder Judiciário pela aceleração dos processos da Reforma Agrária.

Entre os casos emperrados na Justiça, alguns já se arrastam há mais de sete anos e a situação tem sido prejudicada pela valorização das terras por conta do incremento da cultura de cana-de-açúcar na região.

Os Sem Terra reivindicam a desapropriação do complexo de fazendas da Usina Cambayba, de 3.500 hectares, onde 150 famílias viviam e produziam desde abril de 2000 e foram despejadas violentamente em 2006. Parte da usina já foi transformada em assentamento para 30 famílias. O MST lembra que a área tem decreto de desapropriação desde 1998. A usina deve mais de 170 milhões de reais ao governo federal.

Os manifestantes pedem a adjudicação (seqüestro da área pela União em troca das dívidas do proprietário) da Fazenda Providência, de 900 hectares, onde ficava a antiga Usina Santa Maria, que deve dezenas de milhões à União. A fazenda fica em Bom Jesus do Itabapoana e, desde 2002, abriga 60 famílias no acampamento São Roque.

O MST também quer uma solução rápida para a situação das 35 famílias que vivem no acampamento Josué de Castro, com 550 hectares, que fica nas áreas correspondentes às fazendas Desejo e Azurara, há três anos. O processo de desapropriação estava parado na Justiça Federal de Campos há cinco anos e, em 23 de maio, garantiu a posse provisória para as famílias. Está marcada para amanhã uma audiência sobre o caso.

O ato ainda protesta contra o Projeto de Lei 383, do governador Sérgio Cabral, que pretende abrir espaço para a monocultura de eucalipto e cana em grandes latifúndios na região Norte do estado. O PL começa a ser votado hoje na Assembléia Legislativa, no Rio de Janeiro. A sessão deverá ser acompanhada por integrantes do Movimento que estão acampados há um mês na Superintendência do Incra, na capital.

Às 14 horas, os trabalhadores rurais seguem para o Cefet Campos, onde participam de um Seminário contra o Trabalho Escravo promovido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Participam do ato, trabalhadores rurais ligados ao MST, às Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetag) e a sindicatos rurais.