Novo modelo de agricultura depende de resgate das raizes camponesas

Bruna Maia,
do Paraná

A agroecologia não pode ser vista, apenas como uma técnica de produção, mas como uma filosofia de vida que contém aspectos ambientais, sociais, políticos e econômicos. Neste sentido, para que a renovação do campo seja feita é necessária uma busca aos sentimentos esquecidos. “Nós camponeses precisamos retornar para as nossas raízes, para os costumes do campo que se perderam”, afirma José Maria Tardin, coordenador da Escola Latino-Americana de Agroecologia.

Tardin, também aconselhou a volta do consumo de alimentos não industrializados em razão da quantidade de elementos químicos e desgaste de recursos naturais. Para que haja maior interação entre animais e vegetais, Tardin explica que atualmente existe a necessidade de haver uma modificação em determinadas estruturas dentro dos espaços rurais, concedidos na hora do planejamento das formas de produção. “A definição de um espaço para o milho separado do feijão, das vacas, dos porcos causa uma desestruturação da terra. Por que assim os ciclos não se completam e algum lado fica deficiente.”

Com a evolução da tecnologia que chegou até o campo as pessoas se tornaram mais individualizadas. Para mudar essa realidade Tardin ressaltou a necessidade dos camponeses retomarem os mutirões, por ser um momento onde todos se ajudam e convivem em sociedade. No relacionamento entre os membros de uma comunidade, também é preciso retomar alguns valores de convivência, como por exemplo, a solidariedade nos momentos difíceis entre as pessoas e famílias.

O debate foi realizado durante Conferência “A estratégia e o Projeto para a Autonomia Camponesa”, realizada nesta quinta-feira, dia 12, como parte da 6ª Jornada de Agroecologia, que vai até sábado, em Cascavel, no Paraná.