Estado do MS já soma 20 mortes de indígenas em 2007

Gisele Barbieri,
Radioagência NP

O quadro de violência contra povos indígenas tem se agravado nos últimos anos, por meio de prisões ilegais, intimidação e agressões. Esta é a avaliação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Segundo a entidade os assassinatos de lideranças indígenas continuam se repetindo. Na última semana, uma liderança do povo Guarani-Kaiowá Ortiz Lopes, de 46 anos, foi morto com vários tiros em frente à sua casa no município de Coronel Sapucaia(MS). Somente neste ano já foram registrados 20 assassinatos no estado – mesmo número de assassinatos registrados pelo Cimi em todo o ano de 2006.

Os índios acusam os fazendeiros pela morte da liderança. Em janeiro deste ano, Ortiz e um grupo de 300 pessoas, retomaram a terra indígena Kurussu Ambá, invadida por proprietários da fazenda Madama há 20 anos. Na ocasião, mais uma morte aconteceu. Para Saulo Feitosa, integrante do Cimi em Brasília (DF) os poderes públicos são coniventes com a situação.

“A resposta principal deveria vir do governo federal demarcando as terras. O Mato Grosso do Sul tem uma demanda territorial indígena represada muito grande. Há conivência do Estado e da União. Em janeiro já havia ocorrido o assassinato de uma líder religiosa, uma pessoa foi baleada e outra está desaparecida. A polícia não instaurou o inquérito devido para apurar o caso e o governo permanece omisso. Assim como é omisso no Mato Grosso do Sul é omisso nas demais regiões do Brasil”.

Até hoje ninguém foi preso pelo assassinato de Ortiz, enquanto que 12 indígenas -incluindo crianças – foram levados à delegacia e quatro lideranças do povo Guarani-Kaiowá permanecem detidos sob a acusação de roubo e invasão de terra.

13/07/07