Lugo defende integração Latino-Americana

Solange Engelmann*

Solange Engelmann*

Este é o pensamento do ex-bispo e candidato a presidência do Paraguai Fernando Lugo, que defende a construção de um modelo de integração Latino-Americana, com ampla participação popular, que respeite a história e a cultura de todas as etnias latinas. “Estamos convencidos de que é possível criar um outro tipo de integração, baseado na igualdade social, na visão de que a terra é a nossa mãe e precisa ser preservada, juntamente com a diversidade da natureza”, garante. Para ele, os movimentos sociais da América Latina já vêm mostrando na prática que é possível superar as barreiras do capitalismo e construir uma nova integração.

Lugo foi recebido com muita alegria pelos cerca de 5.000 participantes da 6ª Jornada de Agroecologia, em especial pelos militantes do Movimento Campesino Paraguaio – MCP, que vêem no ex-bispo a esperança de um país melhor. Ele falou sobre a “Integração dos povos e a construção da nova América”, no último sábado, dia 14, durante o encerramento do encontro, realizado no Assentamento Olga Benário, em Santa Tereza do Oeste.

Após a conferência Lugo concedeu entrevista a página do MST.

Quais as bases para a integração Latino-americana?

Acreditamos que a integração latino-americana é possível. As bases devem ser sólidas, sustentáveis, e garantir a igualdade social. A cultura é um dos elementos comuns, que temos na história, independentemente dos diferentes regimes, modelos econômicos ou políticos, que também são importantes para definir que tipo de integração queremos. Garantir um tratamento justo entre todos os povos, de todas as etnias latino-americanas. Temos outros elementos como o mercado, a exclusão, o modelo neoliberal, que precisa ser derrotado, porque também existe uma luta muito forte por um modelo de integração nas bases do mercado, excludente. Queremos a construção de um novo modelo sem exclusão, que respeite a histórica e a cultura dos povos.

Como implantar este novo modelo?

Para a construção desse novo modelo precisamos levar em conta o elemento étnico, de gênero, juvenil, cultural, geográfico, político, e econômico. Este sistema também deve ser construído com a participação daqueles que estão convencidos da necessidade de uma integração igualitária. Ao mesmo tempo acreditamos que este processo já está em construção, se está colocando os cimentos, porque há uma grande tentativa e um sentir latino-americano, sustentada pela história e os desafios comuns.

Como fazer o embate com o mercado que busca a globalização e a transformação das culturas indígenas e tradicionais em mercadoria?

Criando outros mercados, locais, regionais, que também passam por uma grande consciência, nacional e regional. Já existem experiências riquíssimas nos diferentes países, onde realmente estão sendo criados mercados alternativos, que podem garantem o direito a uma alimentação alternativa confiável.

Quais os benefícios que a integração Latino-americana vai gerar ao Paraguai?

Também vai garantir um desenvolvimento econômico igualitário. O Paraguai tem que recuperar sua dignidade em relação às outras nações. O país é conhecido pela presença de narcotraficantes, ilegalidade e corrupção. Assim acredito que o país vai ganhar bastante, recuperando seu lugar preponderante junto às nações e sua dignidade como nação paraguaia.

Já estão sendo desenvolvidos esforços neste sentido, no Paraguai?

Estamos buscando uma rede de solidariedade internacional. Acreditamos que somos uma alternativa diferente, reconhecidos por chefes de estados latino-americanos. Existe uma grande esperança, quase tão grande como pela integração da América Latina, de poder construir um Paraguai diferente.

* Jornalista do MST