Camponeses desocupam Syngenta, mas continuam luta contra crimes ambientais

Após 16 meses de ocupação e resistência do Acampamento Terra Livre, no campo de experimento ilegal de soja e milho transgênicos da multinacional suíças Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná, nesta quarta-feira, dia 18, as 70 famílias da Via Campesina desocuparam a área de 144 hectares da transnacional.

A retirada dos barracos e pertences começo dia 10. As famílias se deslocaram para o Assentamento Olga Benário, que fica próximo ao local, no mesmo município. Devido às fortes chuvas as famílias tiveram que deixar 25 toneladas de mandioca para trás.

Segundo a Via Campesina, mesmo com a desocupação os camponeses vão continuar lutando na Justiça para exigir que a empresa pague a multa de R$ 1 milhão, que recebeu do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por não possuir licenças ambientais para realizar experimentos com transgênicos dentro da zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu.

“Deixamos a área, mas a luta contra os transgênicos e as multinacionais vai continuar. Também vamos lutar para que a área da Syngenta seja transformada num centro de agroecologia”, garante o acampado Jonas Gomes de Queiroz.

Os camponeses também esperam que a empresa não destrua as mais de três mil mudas de árvores nativas plantadas no local. Já que a existência destas árvores inviabiliza o cultivo de transgênicos, e a legislação ambiental proíbe seu corte.

A Via Campesina ingressou com vários recursos jurídicos no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para tentar garantir a permanência dos camponeses no local, mas a maioria das ações, ainda está tramitando na Justiça.

A desocupação foi realizada devido às sucessivas medidas de reintegração de posse concedidas pelo Tribunal de Justiça à empresa e à exigência da transnacional de utilização de força policial contra as famílias.

O campo de experimento da Syngenta foi ocupado pelos camponeses da Via Campesina em março de 2006 para denunciar a prática de experimentos ilegais de soja e milho geneticamente modificados no local. A ocupação tornou os crimes da transnacional conhecidos em todo o mundo e o acampamento recebeu a solidariedade internacional de mais de 300 organizações e dezenas de cientistas e outras personalidades.

Desde que chegaram ao local as famílias trabalharam na recuperação do solo, com a produção de sementes crioulas, em sistemas agroecológicos. Só este ano foram plantados 78 hectares.