MST mantém mobilização em nove agências bancárias do PR

Cerca de 3.000 trabalhadores assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mantém ocupação em nove agências bancárias e vigília em frente ao prédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta quinta-feira, dia 26, no Paraná. A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina, que acontece até sexta-feira em todo país.

Como as negociações no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Brasília, não obtiveram avanços até o momento, hoje os assentados paranaenses continuam mobilizados em agências do Banco do Brasil, para cobrar a renegociação de dividas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), infra-estrutura aos assentamentos, um programa para construção de agroindústrias e assistência técnica às famílias assentadas.

As agências com mobilizações ficam em Manuel Ribas, Pitanga, Bituruna, Querência do Norte, Santa Cruz do Monte Castelo, Londrina, Piabiru, Santa Cecília do Pavão. Em Palmital, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf) também participam do protesto.

Conab

Os cerca de 200 trabalhadores do MST, que ocupavam a Conab em Apucarana, desde terça-feira, 24, desocuparam o prédio na tarde de ontem, após fechar acordo com o órgão para a liberação emergencial de 3,5 mil cestas básicas para as famílias acampadas do Estado e combustível para o transporte das mesmas. As cestas estavam atrasadas a três meses.

Os representantes da Conab também prometeram a assinatura de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), de R$ 38 milhões para aquisição de quatro cestas básicas, por famílias acampadas no Paraná. Durante todo o dia os Sem Terra permanecem em vigília em frente ao órgão aguardando o resultado das negociações nacionais.

Incra

No final da tarde de ontem, dia 25, os 100 trabalhadores do MST, da região central do estado, enceraram a mobilização ao Incra. A decisão foi tomada após a realização de audiência com a ouvidoria do Incra em Curitiba, que se comprometeu a atender as reivindicações, mesmo estando em greve há quase 60 dias.

Reivindicações

Os trabalhadores assentados também querem o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a criação de uma política pública de segurança para os produtos que estão em crise, com a compra de 70% da produção de cada família, dos produtos desvalorizados no mercado, com preço de 30% acima do custo de produção. Além da inclusão do PAA no Programa Plurianual (PPA), que inicia em 2008 e vai até 2011.

Há mais de um ano e meio as 17 mil famílias assentadas do Paraná se encontram em completo estado de “abandono”, sem assistência técnica. Impedidos de acessar créditos agrícolas, cuja safra se inicia no próximo mês de agosto.

Segundo o integrante do setor de produção do MST, Jaime Coelho, a Jornada de luta também denuncia o descaso á agricultura camponesa no Brasil. “Enquanto o governo federal gastou, como prêmio, isto é deu de graça, R$ 2,8 bilhões para o soja dos grandes fazendeiros em 2006, empregou apenas R$ 300 milhões para compra da produção dos pequenos agricultores pelo PAA, em todo país, no mesmo período”, denuncia.