Famílias do Anil fazem mobilização para impedir demolição de casas

Os moradores do Canal do Anil, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, bloquearam na manhã de hoje, dia 3, a rua que dá acesso à região com pedras, pneus e pedaços de madeira. O objetivo é impedir que funcionários da prefeitura dêem continuidade ao processo de demolição, que começou essa semana. As famílias estão indignados com o processo de desapropriação de seus imóveis, iniciado esta semana pela Prefeitura do Rio.

Além de terem as casas demolidas, num processo de desapropriação iniciado pela Prefeitura do Rio, as famílias denunciam que não houve pagamento das indenizações, conforme havia sido acordado. Eles alegam que alguns proprietários das casas já demolidas ainda não receberam indenização. Outra reclamação dos moradores é quanto os valores pagos pela prefeitura que, segundo eles, não são suficientes para adquirirem outros imóveis.

A doméstica Maria da Penha Pinheiro, 39 anos, disse que não foi comunicada sobre a demolição. “Derrubaram a minha casa e eu nem fui procurada pela prefeitura. Não recebi nenhuma indenização. Minha casa estava vazia porque eu estava morando em Rio das Pedras. Quando eu cheguei aqui, a casa já estava demolida”, disse.

Outra moradora, a balconista Dirlene da Conceição Oliveira, disse que acertou o valor da indenização do seu imóvel em R$ 6 mil. No entanto, ao demolirem a casa de seu vizinho, seu imóvel ficou avariado. “Minha casa está toda rachada e ainda não recebi minha indenização. Eles queriam demolir a minha casa, mas eu não vou sair daqui enquanto não receber. Inclusive, estou faltando o meu trabalho porque tenho medo de que, quando eu sair daqui, a prefeitura vai chegar e demolir a minha residência”, disse.

O pescador João Anilson, 49 anos, disse que mora no local há 45 anos. Ele informou que possui três residências na região, e que a prefeitura teria oferecido R$ 36 mil pela desapropriação de todos os imóveis. “Tenho três casas, e todas estão ocupadas por parentes. São três famílias. Eles querem pagar apenas R$ 36 mil. Como vou comprar outras três casas com apenas esta quantia?”, pergunta.

O vice-presidente da Federação das Associações de Favelas do Rio (Faferj), José Nerson de Oliveira, disse que a prefeitura não procurou em nenhum momento a associação de moradores da região para mediar a negociações. “A prefeitura tinha que pagar um valor decente para que os moradores daqui consigam comprar um lugar digno de moradia. Tem moradores que estão aqui há décadas. Só porque aqui virou área de rico (perto da Vila do Pan), os pobres não podem mais ficar”, disse.

Segundo a Secretaria municipal do Habitat do Rio todos os proprietários das 61 casas previstas para serem demolidas já foram indenizados. A assessoria informou ainda que, ao todo, serão retiradas 242 famílias do local.

Com informações do G1