Metalúrgicos protestam contra rotatividade do setor

Raquel Casiraghi.
da Agência Chasque

Cerca de dois mil trabalhadores metalúrgicos realizaram uma marcha nesta terça, dia 14, em Brasília, pela aprovação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que impede a demissão sem motivo e a rotatividade nas empresas. Os trabalhadores também querem a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40h e a implementação de um contrato coletivo de trabalho que sirva para todo o país, o que reduziria as diferenças regionais de salário.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Carlos Alberto Grana, a rotatividade nas empresas metalúrgicas atinge quase um terço dos trabalhadores. Somente em 2006, cerca de 30% dos trabalhadores deram lugar a outros metalúrgicos.

“O impacto é também para o Estado. Isso leva milhares de trabalhadores a ter que recorrer ao seguro-desemprego. Essa rotatividade, além de ser perversa com os trabalhadores, causa um prejuízo para o Estado”, afirma.

O presidente da Federação dos Metalúrgicos no Rio Grande do Sul, Milton Viário, acredita que a ratificação da medida da OIT irá fazer com que os trabalhadores possam ter uma melhor qualidade no trabalho. O sindicalista denuncia que empresas demitem e contratam os empregados para reduzir os custos da produção, como mostra a pesquisa realizada pela categoria no ano passado.

“Houve 50 mil demissões e 55 mil contratações, ou seja, 5 mil vagas a mais. Porém, a massa salarial dos demitidos era de R$ 48 milhões e dos contratados era de R$ 43 milhões. Nós temos uma média de salário ente os demitidos em torno de R$ 900 e os admitidos um pouco mais de R$ 700”, conta.

Segundo dados da OIT, a média do tempo que um trabalhador permanece no emprego na Alemanha é de 10,4 anos e no Canadá são 7,8 anos. Os dois países ratificaram a convenção 158. Já no Brasil, a média cai para 3,5 anos a cada trabalhador.

A pauta de reivindicações dos metalúrgicos foi entregue à Confederação Nacional da Indústria e ao Ministério do Trabalho. Nesta quarta (15), os trabalhadores se juntam às mobilizações da Central Única dos Trabalhadores (CUT) pela manutenção dos direitos trabalhistas.