36 anos depois, morte da ativista Iara Iavelberg ainda não elucidada

Iara Iavelberg tinha 27 anos quando foi morta em 1971. Ela era militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8. Até hoje as circunstâncias de sua morte não foram esclarecidas, mas há duas versões sobre a morte de Iara.

Uma delas diz que teria sido morta após rápido tiroteio com policiais do DOI/CODI-RJ, deslocados a Salvador para prendê-la. Consta que Iara teria se refugiado no banheiro de uma casa vizinha à sua, na tentativa de escapar à perseguição dos policiais, ocasião em que teria sido localizada, tendo se matado com um tiro na cabeça. Esta é a versão oficial, conforme nota divulgada na época pelos órgãos de segurança.

A outra versão é colocada por alguns de seus companheiros, baseados nos testemunhos de populares que assistiram à prisão e/ou morte de Iara. Segundo o apurado, Iara teria sido presa, e levada para a sede do DOPS local. Vários presos que se encontravam naquele estabelecimento no mesmo período, ouviram os gritos de uma mulher sendo torturada, identificando tais gritos como sendo de Iara.

O Relatório do Ministério da Marinha diz que ela foi “morta em Salvador/BA, em ação de segurança”, o relatório do Ministério da Aeronáutica “suicidou-se em Salvador/BA, em 6 de agosto de 1971, no interior de uma residência, quando esta foi cercada pela polícia”.

A certidão de óbito dá sua morte, em 20 de agosto de 1971, tendo sido firmada pelo Dr. Charles Pittex e informando que Iara foi sepultada por sua família no Cemitério Israelense de São Paulo.

Quem foi Iara

Ela era militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8, quando morreu. Ela era psicóloga e professora da Univeresidade de São Paulo, participou de quatro organizações clandestinas de combate à ditadura militar: Polop, VAR-Palmares, VPR e MR-8. Panfletava em porta de fábrica e pichava muros.

Também foi a última companheira do ex-capitação do Exército Carlos Lamarca, que desertara em 24 de janeiro de 1969 levando armas do quartel em que servia, se conheceram na VPR e se transferiram juntos para o MR-8. Sua vida está contada no livro “Iara”, de Judith Patarra, lançado em 1992, e, em parte, no filme “Lamarca”, de Sérgio Rezende, que estreou em 1993.