MST faz atos em órgão públicos no Centro-Oeste

O MST faz atos em órgãos do Ministério da Fazenda para denunciar que o modelo econômico vigente inviabiliza a realização da Reforma Agrária e o assentamento das 150 mil famílias acampadas pelo país, nesta segunda-feira, dia 24, no Mato Grosso e em Goiás.

Cerca de 300 Sem Terra fazem protesto em frente à Delegacia Estadual do Ministério da Fazenda, próximo ao Centro Político Administrativo, na avenida do CPA, em Cuiabá, para cobrar o assentamento das 3.500 famílias acampadas no Mato Grosso. “A reforma agrária não avançou no estado e reivindicamos o assentamento imediato das famílias acampadas. Em cinco anos, o governo só assentou 35 famílias”, denuncia a integrante a coordenação estadual do MST, Devanir Oliveira.

Os Sem Terra cobram também crédito para construção de casas nos assentamentos e 50 poços artesianos para garantir o abastecimento de água em áreas com escassez. Além disso, pedem a abertura e recuperação de estradas para criar condições para a venda dos produtos da Reforma Agrária aos principais mercados consumidores do estado.

Em Mato Grosso, além da vigília, o Movimento já trancou a BR-163 na altura do quilômetro 890, impedindo o tráfego entre Itaúbas e Sinop. O MST pede ainda que o governo estadual volte atrás em relação à extinção da Polícia Florestal, que faz a fiscalização do desmatamento nas florestas, especialmente com a expansão da monocultura da soja no Mato Grosso.

Mato Grosso está entre os primeiros em concentração fundiária: são 8 mil proprietários de 50 milhões de hectares, ou seja, 70% das terras particulares do Estado estão nas mãos de grandes latifundiários. Blairo Maggi, Eraí e Elizeu Maggi, por exemplo, possuem 370 mil hectares, conforme foi noticiado no jornal Valor Econômico do dia 28 de agosto de 2007.

Tal situação é mantenedora de uma outra, que também expõe Mato Grosso: o trabalho escravo, que ainda hoje causa espanto ao mundo, flagrados geralmente em latifúndios, escondidos em rincões de Mato Grosso, onde as a exploração e o abuso custam a ter visibilidade.

Os Sem Terra acreditam que é necessário unir lutas camponesas às urbanas.
Neste sentido, o MST conta hoje, na vigília, com o apoio de outros movimentos sociais, como o Comitê de Luta pelo Transporte Público (CLTP), que tem mostrado força de mobilização em protestos de rua.

Goiás

Em Goiânia (GO), cerca de 300 Sem Terra fizeram protesto em frente ao prédio da Receita Federal para pedir o assentamento imediato das cerca de 4.000 famílias acampadas. Os manifestantes pediram também subsídios para habitação rural e a garantia do salário maternidade às trabalhadoras rurais.

Após o ato, os lavradores fizeram audiência e entregaram pauta ao superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado e com o representante da Caixa Econômica Federal. As reivindicações estaduais nas áreas da educação e energia elétrica nas áreas de reforma agrária serão apresentadas ao governo estadual nesta semana.